sexta-feira, 14 de julho de 2006

Talvez caminhemos juntos

Embalada por teu canto que, ao longe, eu ouvia,
Ofuscada pelo raio de luz penetrante pela fresta,
Segui teus passos, ouvidos, por mim, em simetria,
Busquei tuas mãos e me amparei na destra.

Senti teus braços envolvendo o meu corpo,
caminhei ao teu lado desconhecendo o caminho,
mergulhei no espaço que avançamos aos poucos,
atapetado de flores, enfeitado de arminho.

Aspirei o ar com teu perfume irresistível,
deixei-me levar, acompanhando o teu destino,
tivesse ficado, fosse, talvez, preferível,
mas já estava envolvida, já tinha perdido o tino.

Penetrei, contigo, uma floresta fechada,
Embora tão feliz, senti minha mão suspensa,
Descobri-me, de repente, ali só, abandonada,
Ouvi o silêncio, percebi-me tensa!

Somente lágrimas rolaram na minha face,
Não vi saída, nem caminho de retorno,
Ao longe teu vulto, por mais que se afastasse,
Aquecia meu peito que outrora fora morno.

Sentei-me nas trevas derramando meu pranto,
Sequer imaginava em que lugar eu me encontrava,
E esperei pela mesma luz e pelo teu mesmo canto,
Já sentia, nesse instante, o quanto eu te amava!

Suas mentiras

Foram poucas as vezes que eu vi
De súbito e relance, sem notar
Que teus lábios para mim sempre mentiam,
Malgrado algo que eu via em teu olhar.

Mentiras tantas fostes me dizendo
Que um dia eu me propuz acreditar...
E com tal arte, a mim se oferecendo
Aos beijos falsos... quantos eu te fiz dar!

E eu, pobre, sem saber que eras artista
E vives a abraçar a quem o fita
Nesta arte de quem sabe amar demais...

Assim, então, me vi depois sozinha
À esmo, a chorar a dor que é minha
E em transe, por querer voltar atrás...

Saudade

Sentir saudade é sentir falta
É lembrar de momentos nem sempre passados ao lado,
É escutar a música que gostamos de olhos fechados
Imaginando-se ao lado.

Sentir saudade é querer lhe falar
E até ligar e no instante que você atender
Dizer, - estava pensando em você e resolvi ligar.
É saber que mesmo longe, se está perto,
A lembrança é uma forma do pensamento rápido chegar.

O cheiro, o tato, as palavras, os gestos e todos os momentos
Tudo fica guardado, pronto para ser lembrado
E não adianta não querer pois quanto mais verdadeiro for o amor
Mais forte será a vontade de estar perto.

Sentir saudade é também lembrar dos momentos ruins
Como estivesse dizendo, vem cá fica comigo
Não vamos fazer mais assim.

O pensamento que me leva até você
Me traz uma lembrança doce e querida
Ali você sorri, sereno e fica assim todo o tempo
Nós estamos juntos, distantes, fechados.

E quando a volta ocorrer
Que fique a certeza de que sempre é possível
Superar a distância e a ausência
Desde que entre os dois
Exista o ingrediente total que é o amor.

Soneto de Amor e Dor

Acolhem-se em estreito laço,
Pois andam juntos, a cada passo.
O nobre AMOR
E a desditosa DOR.

Juntam-se a eles,em reunião:
Até, em um mesmo coração,
A enganadora Vaidade,
A tão doce Saudade.

E aquele de nada gentil fama,
O Ciúme, torpe que engana,
A sonhadora Generosidade

A realista Inteligência,
Declara com autoridade e ciência:
Quem decide:é o Tempo e a Paciência!

quinta-feira, 13 de julho de 2006

Sem sono

[23 Hrs...]

Cheguei em casa, desliguei o celular.
Desmontar e montar mochila.
Tirei o telefone do gancho. Fui tomar um banho quente.

[Duas da manhã...]

Muita fome, mas o cansaço é tão grande e aliado à dieta, resultado: nada de Jantar.
Angustiada, cansada e entediada, quem me dera fosse o suficiente pra eu dormir.
Deita, relaxa, fecha os olhos..., pensei. Deita, relaxa, fecha os olhos..., Deita, relaxa, fecha os olhos..., Deita, relaxa, fecha os olhos..., Quase entoei um mantra de tanto pensar nisso, mas de nada adiantou.

Metade mulher, metade zumbi. Era assim que eu me sentia.
Sair daquela cama parecia mais difícil do que permanecer nela, acordadinha da Silva.
Já, já você dorme, tenha paciência. Só mais alguns minutinhos (minha consciência insistindo).

_ Ai, que fome...

Juntei o resto de forças e levantei meu pobre corpo, coberto por um pijama rosa claro.
Sentei na beirada da cama e tateei o chão até encontrar as pantufas cor de rosa que massageariam meus pés no sôfrego caminho até a cozinha.

Devo ter demorado um pouco mais que o habitual, mas com a ajuda das paredes finalmente cheguei lá.
Abri a geladeira, peguei dois pêssegos e voltei a trôpegar rumo à sala...
Eu preciso arrumar alguma coisa pra fazer, voltar pra cama não vai adiantar...
Jogada lá até agora e nada de pregar o olho...

Alguma coisa pra fazer, alguma coisa pra fazer...
Baixei a vista e dei de cara com um dos papéis que não consegui guardar na pasta, jogado no sofá da sala, junto com a minha bolsa.
Era um esboço de projeto que preciso entregar no dia seguinte.

Olhei em volta.
Ah-há! Papel em branco e caneta à vista!
(bloco de anotações no móvel do telefone).
Morar sozinha é bom por isso: as coisas estão sempre no lugar... ou não.
No meu caso sim, às vezes... Ai, tá tudo tão confuso... meu corpo tão pesado...
Porque não consigo dormir de uma vez?
Vou esperar mais um pouco e volto pra cama.

Me jogo no sofá super fofo e começo a ler as informações técnicas do projeto.
Numeros, fórmulas, índices, estatísticas... que ódio sinto deste sono que não vem.

Não consigo passar pra segunda página, releio a primeira várias vezes.
[bocejo...]
O remédinho de dormir que eu tomei há horas parece começar a fazer efeito, ou foi a outra opção de ler sobre trabalho que me deu sono.
Minhas pálpebras finalmente entraram em acordo e decidiam se encontrar...

_zzzzzzzzzzzzzzzzzz

terça-feira, 11 de julho de 2006

Amor Proibido

Quem nunca ouvio dos poetas mais renomados afirmações de amor tipo:
"Amores vêm e vão...";
"É um contentamento descontente";
"Que não seja imortal, posto que é chama"

Todos procuram a eternidade de um amor autêntico, de um amor que drible as intempéries das relações desgastantes e mornas.
Todos investem tempo, gastam saliva, estudam perfis, freqüentam analistas, como se houvessem fórmulas prontas ou uma Pedra Filosofal que transformasse ilusão passional em paz emocional.

Enlaces perfeitos muitas vezes morrem na hipocrisia social, que se reveste de puritanismo, sob as vestes fantásticas da falsa moral, sem se permitir compreender o quão possível é viver com tamanhas diferenças.

Amores inesquecíveis são aqueles que não podem durar mais que os instantes da intensa loucura da entrega.

Amores efêmeros são imortais, posto que não dividem a mesquinhez; não cobram o amanhã, antes, são vividos por inteiro, já que não admitem, embora entendam, a impossibilidade natural de subsistir.

Até o dia em todos os seres humanos entenderem que não pode haver limites para o amor, não existirá felicidade mais doce do que provar as delícias de um amor proibido.

segunda-feira, 10 de julho de 2006

Vida Insana

Insensatez que me acompanha,
alegra-me a alma, me acalma.

Buscando concluir concluo,
que minha mente pra mim mente,
Meu erro é humanamente humano,
Assim peco e em seguida me perdou,
o alívio me alivia.

Já que conheço à Deus,
por amar um dos seus,
quando me entrego à loucura.
Insuportável vida pura!

A verdade agora é minha,
que insana vida tinha,
e ninguém contestaria,
por viver na melancolia.

Mas vale conhecer,
a certeza ao padecer,
tendo cravado na identidade,
o ter vivido na insanidade.

Cena Fugaz

Eis que chego agora e nos meus passos trôpegos
Trago marcas de pranto, dores e solidão...
Que é dos meus tumultos, do meu andar já frouxo,
Que é da ilusão fugaz, esvaindo-se em minha mão...

Que é da esperança, impalpável de outrora,
Que é da minha estrela, meu consorte, meu fanal.
Hoje, falho de amor, impetuoso implora
Triste, o pobre coração abriga um sonho banal!

Indelével, o bastardo coração já não suplica,
E num grito percuciente, meu viver imita
Submisso e sobranceiro, em suspiros se esvai...

Perdido no curto espaço de passados desenganos,
Entre sobejos trancos, sob o fardo de mil anos
Mata no tempo a saudade, onde quer que ele vai!...