segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Imagine

Ando devagar por um corredor estreito
Tem pessoas pelo caminho inteiro,
Agora que notei, não posso recuar mais,
Esta via é de mão única, voltar jamais.
Infinitas lágrimas em meus olhos
e uma multidão que espera pra me ver
Estou calma, não é preciso ter pressa,
Você sempre esteve ali a minha espera.
Toco meus pés na água mais pura,
não consigo mensurar a temperatura
já foram tantos os degraus descidos antes
falta muito pouco, mais alguns instantes
Então segure forte a minha mão
quero o mergulho mais profundo na sua direção
Liquido puro que toma e invade a minha alma
Lave-me pra sempre da morte e solidão
A água que escorre entre meus dedos
flui pra outro lugar onde não há medo
tudo fica muito leve, bate forte meu coração,
caminho e meus pés não tocam mais o chão,
é porque agora você me leva com a sua mão.

sábado, 15 de novembro de 2008

Da Ilusão à Luz



Quando pequena, ou melhor, quando criança, por volta de 7 anos de idade, o Natal representava um período de férias, viagens, festas e presentes. Com tanta coisa boa assim junto pra comemorar, é impossível não crescer na expectativa desta data festiva.

Muitos Natais assim aconteceram pelos anos seguintes. Nunca tivemos nada muito extravagante e refinado, mas sempre fomos abençoados com a fartura, harmonia em família, os presentes e as viagens.

Apesar de saber, eu ainda podia não entender, a participação de Jesus nesta história de Natal. E minha fé estava presente na convicção que eu tinha de que Papai Noel traria meus presentes naquela noite, assim que eu adormecesse.

Infelizmente essa fé foi quebrada numa noite de Natal em que meu pai adormeceu e se esqueceu de depositar meus presentes ao lado das minhas habituais meias e bilhetes destinados ao Papai Noel. Crescer tem mesmo inúmeras desvantagens.

Os Natais seguintes não tiveram o mesmo sabor. Papai Noel não me traria mais presentes. Vieram períodos de crise familiar onde a harmonia não estaria mais presente. Chegou o tempo de trabalhar, e logo se foram as tão esperadas e desejadas férias e viagens.

Já dizia o poeta, “é preciso provar do doce pra reconhecer o que é amargo”. Os sonhos natalinos de uma criança foram destruídos, mas eu pude ver nascerem os sonhos de uma mulher. Mesmo não tendo mais o Natal que tinha quando criança, descobri que existem pessoas que têm muito menos. Menos família, menos coisas, menos sonhos, menos fé, etc. E assim compreender a importância da solidariedade. Dividir o pouco com quem tem menos que você.

Esta não é uma história minha. Todos passam por este ciclo de crença e desapontamento. O que deve prevalecer é a fé, não no gordinho de roupas vermelhas e barbas brancas mas no Homem que tem cicatrizes na palma das mãos e nos promete muito mais do que bons presentes. Nele estão todos os nossos sonhos, os inocentes das crianças e os sempre impossíveis sonhos dos adultos.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Salve Obama!


Eu me acho tão nova, mas quando começo a ver o tanto que já participei nas linhas dos livros de história fico emocionada.
Eu era pequena mas me lembro de ver pela televisão as marchas pelas "diretas". Em seguida eu vi mas não entendi porque Tancredo morreu, anos depois soube que a história do país foi mudada por um micróbio.
Mesmo sem saber direito do que se tratava pude crescer na democracia decretada pelo bigodudo do Sarney, não me afetou em nada a falência do Plano Cruzado aos 8 anos de idade, mas meu pai deve ter sentido no bolso aquela inflação astronômica.
Eu ví e me lembro bem do Collor fazendo cooper. Eu ví eleger o presidente mais novo da história do meu país e dias depois mesmo também não sendo afetada em nada aos 15 anos eu ví o bonitão meter a mão no bolso do país. Eu ví fotos do falecido PC Farias, morto e ainda quente.
Enfim o impeachment, esse eu posso dizer que ví e participei, fui às ruas de cara pintada, sem entender muito bem pelo que eu protestava. Me lembro do jingle como se fosse hoje "Rosane, sua galinha! foi o PC que pagou sua calcinha!" rs, engraçado.
To começando a achar que eu ví muito mais coisa do que imagino. Pense que eu ví o Itamar se apaixonar pela garota sem calcinha que não me lembro o nome.
Aos 18 anos eu pude participar ativamente da história, eu votei em Fernando Henrique pra presidente do meu país. E pude ver um homem culto, inteligente se sobresair num antro de ignorantes.
Eu vivi a URV e o Plano Real, já trabalhava e sentia no bolso o que isso tudo queria dizer.
Eu ví, o insistente Lula ser eleito presidente depois de dezenas de tentativas e hoje eu vejo que a política de esquerda e a de direita se juntaram em vias de mão única.
Hoje eu também ví, e não me reconheci.Imagine você: eu ouvindo as declarações do recem eleito Presidente dos Estados Unidos Barack Obama e me emocionando.
O que será que a televisão fez comigo? O que será que o mundo fez comigo? Sem tom pejorativo, mas se eu choro ouvindo as palavras de Obama na TV imagine você a África o que sentiu.
Eu não chorei quando Lula ganhou as eleições no Brasil.
Se você também viu a alegria estampada nos rostos da TV a euforia de milhares de pessoas pelo mundo (inclusive a minha), posso dizer que você viu neles o sofrimento.
É isso mesmo. Esse choro não é de alegria é de esperança, seja do fim das guerras, das crises, da fome e da miséria que assola os países da África. Isso eu também vi.
Eu gostaria muito de acreditar numa mudança, quero ver, quero acreditar que nesse discurso de melhorar o mundo ele está se referindo ao planeta terra e não somente do mundinho que ele vive na América.
E você, o que viu e o que vê?