segunda-feira, 30 de julho de 2007

Escalando o Pico dos Marins


Vou tentar fazer um breve relato do que foi minha primeira experiência em escalaminhada.
Eu já havia decidido que iria experimentar algo diferente, só estava me faltando oportunidade, mas é claro que tive influências pra isso acontecer mais rápido.
Meu namorado, o Renato, é aventureiro, montanhista, e é claro meu maior incentivador.
Num final de semana com feriado prolongado, e com uma ótima previsão de tempo, fui convidada a ir juntamente com um grupo de amigos dele pra escalar o Pico dos Marins.
Cabe ressaltar que todos já experientes no assunto, e eu aqui era a iniciante.
Já adianto que o Pico dos Marins pra iniciante não tem nada, bem que eu já achava isso antes mesmo de sair de casa. Não pesquisei muito sobre o assunto, pra não ter motivos pra desistência.
Resta-me confiar no meu companheiro e no quanto ele me conhece, afinal de contas você não iria me colocar em nenhuma fria, não é Rê ? Bem que você tentou me enganar com aquela história de “passeio no bosque”.
Um dia antes eu começo a fazer minha mochila (emprestada, uma vez que eu não tenho nem mochila...) e percebo que me falta tudo, ou quase tudo, para uma aventura como esta.
Saímos para comprar o básico, e alguns itens foram improvisados mesmo (como ir de tênis, por exemplo, já que depois eu ficaria sem ele certamente...) e minha maior preocupação como sempre é com a comida, minha mochila era basicamente 80% alimento e 20% outras coisas hehehe
Eu to morrendo de medo até então, afinal de contas tá cheio de histórias de pessoas que se perdem na selva por dias e sobrevivem até que apareça alguém para resgatá-los. Sem contar os animais que podemos encontrar no meio do caminho, nada contra eles, aliás, eu sou apaixonada pela natureza, só não interajo muito bem com animais silvestres, prefiro os marinhos ... hehehe
Mais uma vez eu confio muito no bom senso do meu amado e cedinho vamos de encontro ao restante do grupo.
Nossa programação é chegar na cidade, deixar o carro no lugar de partida e começar a escalada sábado ainda pela manhã. Chegar ao cume na parte da tarde, montar acampamento, ver o pôr do sol, dormir e no dia seguinte ver o sol nascer do alto da montanha.
Vou dar alguns dados sobre o Pico dos Marins.
Com seus 2.420,7 metros de altitude, localizado no município de Piquete (SP), é considerado o segundo ponto mais alto do estado de São Paulo, mais baixo apenas que a Pedra da Mina, na divisa entre São Paulo e Minas Gerais, na Serra da Mantiqueira.
Saindo de São Paulo ou Rio de Janeiro, pegar a rodovia Presidente Dutra e seguir até Lorena. Depois pela BR-459 em direção a Itajubá.
Ao passar pela cidade de Piquete, numa curva dois quilômetros à frente, há uma estrada que segue reta. É a saída para a trilha.
Logo nos primeiros quilômetros da estrada, ainda asfaltada, avista-se o Pico dos Marins pela parte traseira e o aventureiro já poderá ter idéia do que está por vir.
Eu ficava olhando e me perguntando se aquela montanha gigantesca que estava a minha frente era o lugar onde iríamos subir, e vou confessar aqui, eu torcia muito pra que não fosse...rsrs
Após percorrer cerca de oito quilômetros de curvas e mais curvas, afinal estará numa serra, encontrará um pequeno vilarejo encravado no pé da Serra, com gente bastante hospitaleira, um destes lugares simples e onde ainda existe o refrigerante tubaína envasada nas antigas garrafas escuras.
Vale a pena parar e trocar um dedo de prosa, para depois seguir a jornada.
O local é bastante recomendado para a prática do ecoturismo devido à sua grande beleza que, nos dias e noites de boa visibilidade, possibilita avistar várias cidades ao seu redor, com mais de 1500 metros de desnível.
É um roteiro ideal para quem quer caminhar, literalmente, acima das nuvens numa viagem às Cristas da Mantiqueira.
Em minha opinião, exatamente pelo grau de dificuldade: médio/pesado, o pico dos Marins é recomendado aqueles que praticam um mínimo de atividade física, principalmente aeróbica.
Eu não tinha nenhuma experiência em escalada e sofri um pouco no começo até pegar o jeito de subir e me equilibrar com uma mochila nas costas.
A emoção da trilha começará a partir deste ponto, quando se inicia a estrada de terra e o visual da paisagem se torna cada vez mais encantador, ideal para as primeiras fotografias do passeio.
Na verdade eu tô um tanto estressada com a situação, acabamos nos atrasando pra sair e a caminhada começou tarde, bate em mim um medo de escurecer e nós ainda não chegarmos no cume.
Além é claro da insegurança de saber como será minha performance na subida, o medo de atrapalhar o grupo, ficar pra trás, etc
Para atingir o cume dos Marins, a aventura torna-se uma verdadeira escalaminhada, isto é, usa-se mãos e braços para ganhar altura.
Isso se repete constantemente, sem descanso. Em vários momentos nos deparamos com trechos em que eu olho e acho que será impossível continuar por ali, mas não resta alternativa, o caminho é esse mesmo ... affee
É uma caminhada marcante tanto pela árdua subida, como pela paisagem que vamos apreciando.

A visão que tenho, vem se tornando cada vez mais panorâmica, a vegetação vai mudando, imensas rochas vão surgindo e cada uma delas quando ultrapassada me dá uma sensação de vitória aliada à recompensa.
O início da caminhada foi mais difícil, talvez pela adaptação, ansiedade, sei lá ... mas depois de 2 horas caminhando, já preocupada com o tempo, a distância, e acho que já com a musculatura aquecida eu acelero na subida e não quero mais parar ... agora já entendi que o cume é a meta, então, que ele chegue logo ... na verdade eu tava era com muitooo medo de escurecer e eu estar bem no meio do caminho, o que implicaria em fazer montar o acampamento num ambiente perigoso, desabrigado e selvagem ... affeee
O ponto mais gratificante de toda a aventura é com certeza o pôr-do-sol, estamos a 10 min de chegar no local que acamparemos, mas a parada é obrigatória para assistir o sol descer estando acima das nuvens.
Tiramos algumas fotos rapidamente e eu já disparo continuar a subir, temos pouquíssimo tempo pra começar a montar as barracas. Poderia ter sido mais fácil, mas enfim deu tudo certo, mesmo com nossas minúsculas lanternas conseguimos montar as barracas e nos preparar para uma temperatura de 5 graus que faria na madrugada.
Olha, posso lhe dizer que é bem frio. Ainda bem que não pegamos ventos, o que aumentaria bastante a sensação de frio.
No acampamento de montanhas, à noite, dá pra avistar as luzes que iluminam várias cidades do Vale do Paraíba. No anoitecer, o céu e as estrelas são outro espetáculo inesquecível, é possível ficar horas deitado de costas na pedra e olhando pro infinito, vendo constelações e galáxias.
Dormir nos primeiros momentos também me gera um estresse, afinal de contas é um acampamento selvagem e animais podem aparecer no meio da noite, por sorte, estou exausta e logo o sono vem...
Outro momento de grande contemplação é ver o sol nascer. Com os primeiros raios que refletem no céu e nas montanhas com várias cores, entre o azul-violeta até o vermelho-laranja-prateado.

Aqui sem dúvida eu vejo um nascer-do-sol dos mais belos que já ví. A planície cobre as cidades e aos poucos as nuvens vão subindo e novas imagens surgindo. Inesquecível.
Acho que neste momento eu pude compreender a dimensão de onde eu estava, e como eu cheguei e ainda filosofar muito sobre questões existenciais rsrsrs
A volta, ou seja, a descida, ao contrário do que eu esperava não é nada fácil, pelo contrário, trechos extremamente técnicos e perigosos. Me sinto a verdadeira Spyder Woman (mulher aranha, rs).
Tanto que o tempo gasto para descida foi o mesmo que para subirmos. 4 horas no total. A última meia hora dura um dia inteiro pra passar, os dedões dos pés já começam a ficar insuportáveis ao toque, as pernas estão se arrastando e a água está acabando rs. Tudo isso faz parte.
No dia seguinte, certamente tudo vai doer. Dor que vai passar depois de uns 2 ou 3 dias. Mas as lembranças, as fotografias e as imagens vão ficar. Típico das coisas que não tem preço.
Obrigada Rê. Esse foi um momento mágico que você me proporcionou, as imagens que vi e sentimentos que senti foram maiores e se tornaram especiais certamente porque você estava ali comigo. Eu escrevo essa história pra você.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Novo amor

Ver o sol que se levanta na montanha,
planice que cobre uma cidade tamanha,
Calor singelo que aquece a grama molhada,
orvalho que rega com água gelada.

Amar é ver pássaros coloridos a cantar,
Sentimentos que surgem pra renovar,
E como águem que brota da natureza,
Inesperadamente a vida me faz uma surpresa,

Me liberta do medo e do racor,
Toma a minha defesa por amor,
me trata com nobreza, me chama de princesa.


Tú és pra mim um diamante,
Serei companheira, amiga e amante,
Meu coração baterá vibrante,
Num toque repetido que diz,
com você quero ser Feliz.