segunda-feira, 20 de fevereiro de 2006

Crônica de uma solitária

Tenho comigo que todos nós devemos aprender a viver felizes sozinhos, pois só assim é possível conhecer melhor o que somos e, dessa forma, aprendermos a gostar de nós mesmos - condição fundamental para conviver bem com os outros.

Entretanto, o ser humano - como dizia o velho Aristóteles - é um animal político, no sentido de que necessita viver em sociedade. Além disso, a natureza dotou todos os seres, instintivamente, da capacidade de se atraírem e se aproximarem. Ninguém discute que há animais que, definitivamente, conseguem demonstrar bem querer. Contudo, o ser humano é único animal que se apaixona.

Ou seja, viver sozinho é uma opção perfeitamente sadia, desde que relativizada, já que todos nós, em algum momento, sentimos a carência de interagir de forma positiva com outras pessoas e de modo afetivamente especial, com relação a algumas em particular.

Hoje, sinto-me extremamente carente, porque a minha condição de "sozinha", que ostento como sinal de plena auto-suficiência, mostrou seu reverso desagradável, pois que também sinto-me "solitária", com a conotação melancólica que o termo possa ter.

Não foram deixadas mensagens em minha secretária eletrônica. O celular não tocou uma vez sequer. Ninguém mandou carta ou e-mail. A relação de recados do orkut está vazia e a seção de depoimentos não foi desvirginada.

Nada! Absolutamente, nenhum contato partido de outro ser humano! Parece que o resto do mundo, hoje, resolveu deliberadamente me desprezar.

Em horas como essa - que são raras, mas não impossíveis de ocorrer - volto-me para dentro de mim e, tateando as sutis e dolorosas paredes do espírito, encaminho uma prece a Deus: "Senhor, protege a todos os teus filhos. Ainda creio fervorosamente em ti e sei que, em tua infinita bondade, jamais me abandonas, também."

Assim fiz, hoje. Mas, sem que eu tenha notado nenhuma explicação razoável, o conforto não se instalou em meu coração, como é costumeiro que aconteça.

Sinto-me só. Vejo-me triste. Percebo-me cruelmente rejeitada. Uma lágrima - sim, só uma - é a única reação que se apresenta.

domingo, 12 de fevereiro de 2006

Liberdade

Meu relato faz-me feliz,
tornar real algo que fiz,
fluir a escrita do momento,
surge sutil neste alento.

Mulher ao Vento ...
Anjo que me acompanhas,
absorves as minhas entranhas
porque dita-me a história?

Mulher de Glória...
com ou sem loucura,
coração sem amargura,
contente de ser singular.

Mulher pra amar ...
Liberdade a pulsar,
e como sinto o pesar,
dos sonhos a realizar.

E na sorte me lanço,
Preciso entregar-me ao destino,
Mergulho nas aventuras,
me arrisco nas loucuras,
e agradeço ao total desatino.

Escrevo aqui pra emanar,
versos de encantar,
melodia que se torna,
com ou sem pecado,
eleva-se em tom amado.
o perto que posso chegar,
tão real, tento tocar.

Até o próximo turbilhão,
que devasta minha sanidade,
sempre a mesma conclusão,
busco novamente a verdade,
a resposta vem sem alteração,

Salva-me a poesia novamente da solidão.