quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

A surpresa


Desde que eu soube que meu presente de Natal estaria na Tailandia fiquei imaginando as mais diferentes coisas (ja que vindo do Renato pode-se esperar de tudo).

A viagem toda pra mim esta sendo uma surpresa. Eu ja li bastante tambem sobre a Tailandia, sao dezenas de pontos turiscos (outros nem tao turisticos), mas qual seriam os escolhidos e quando fariamos nao sei. Coisas me passaram pela cabeca como visitar alguma fazenda de orquideas (mto comum por aqui), algum mergulho diferente em Chiang Mai (tanto dificil nessa altitude que estamos), mas nada disso viria.
No dia anterior eu precisava saber o minimo de informacoes, coisas do tipo: que roupa usar, vai sujar, vai molhar, o que levar. Foi quando ele me disse para que eu usasse roupas normais, nao levasse nada de diferente e que acordariamos as 5h e sairiamos as 6h da manha.

Achei bem estranho, afinal que tipo de surpresa deveria comecar tao cedo? Ja imaginei algum nascer do sol em algum ponto diferente da cidade (isso eu acertei hehehe).

Mais uma que me lembrei, por alguns momentos tambem achei que poderia ser um salto de Bung Jump, outra coisa bem comum por aqui. Mas logo mudei de ideia pq ele nao pularia e nem me faria pular. E outra, as 6 da manha nao faria sentido.

Na noite anterior dormimos bem tarde, quase uma da manha, para ter que acordar as 5. Ficamos um bom tempo na lan house tentando atualizar o site para voces e enviar as fotos do trekking. Despertadores ligados, os 2 celulares mais meu relogio de pulso. Para garantir! Ja passou meu Jet Leg mas ainda nao to 100% no horario novo, ta esquisito! Acordei com o celular e assim que pronta ja comecou me bater um medao! (rsrs) Nunca passei por isso com tanta intensidade.

Ja me fizeram surpresas, mas sempre a gente tem algumas suspeitas, sempre pegamos alguma coisa no ar. Mas nada como esse suspense do inicio ao fim.

Ainda tudo escuro, quando saimos eram 6 da manha. Taxi na porta da nossa Guest House. Eu entro e logo o Renato venda meus olhos. Sinal que nao e longe daqui. Pior ainda. Quanto mais o tempo se aproxima menos eu entendo o que vai acontecer e o que me espera. Questao de 10 ou 15 min depois que saimos ele me diz que estamos chegando. Liga a camera, e comeca a gravar o video que voces poderao conferir aqui no site logo que voltarmos de viagem.

Eu desco do carro e ainda de olhos vendados so ouco um barulho de helice. Ai meus Deus, pensei, e um voo de ultra leve! Mas quando abro os olhos vejo um Balao. Ja crescendo... e as pessoas olhando pra mim, tambem surpresas com a minha surpresa. rs


O Renato ta falando um monte de coisa e eu nao consigo prestar atencao em nada e nem ver ninguem. Fiquei olhando pro Balao e claro, em 2 segundos, desabo a chorar. E olha que isso e muito dificil!

Eu so conseguia dizer "nao" , "nao" ... e o Renato entendendo que eu nao queria voar. Mas eu so queria dizer "nao acredito nisso". rs

Ja fazem 6 horas que descemos do voo e eu ainda to em estado de graca. Fico sorrindo o tempo todo. E assim foi durante todo nosso voo. Absolutamente fantastico! Perfeito!
O balao nao balanca nada, nao venta, o sol ta nascendo atras das montanhas, nenhuma nuvem pra desenhar nesse ceu azul, e vejo a cidade de Chiang Mai inteira e coberta pela nevoa da manha que comeca a subir.

Impossivel com palavras tentar descrever o que senti em cada minuto do nosso passeio. Subimos a mais de 100 metros de altura. O fogo pra gerar o ar quente que faz o Balao subir chega a aquecer nossas costas. Nem frio nos sentimos.

Voamos por 1 hora e meia. Circulamos uma area grande de Chiang Mai, passando sobre pastos, residencias e ruas. As pessoas param pra fotografar. Acenam! (rs). E eu ainda nao parei de chorar rs.
Depois de 2 rasantes sobre o lago, pra nos vermos no espelho d'agua, o balao comeca a se posicionar pra descer. Balao nao tem controle de direcao nenhum. Vai pra onde o vento quiser levar.
Ele so consegue controlar a altura, entao ficamos subindo e descendo ate chegar num ponto bom.
Ele nem toca o chao e os ajudantes ja seguram pelas cordas e levam ate o lado da caminhote que o transporta. Na verdade o monta/desmonta nao e tao complicado. Acho que o pior e sempre encontrar o local exato pra se fazer o voo. Pra isso Chiang Mai e perfeito.
O Doidera curtiu tanto quanto eu. Oportunidade impar de registrar Chiang Mai de um angulo exclusivo! Depois abandonamos as cameras e videos e fomos curtir o passeio. A surpresa ainda nao terminou por ai. Assim que descemos somos recepcionados com um belo cafe da manha!


Quem "pilotou" o balao foi o Wouter, um holandes super simpatico, gente boa, que ainda namora com uma brasileira. Ele faz voos no Brasil uma vez por ano e vai ligar pra gente quando estiver por aqui. Queremos voar com ele novamente.
Por fim, um ritual que eu desconhecia pra quem voa pela primeira vez de Balao. O Wouter pega uma champagne, nos conta uma historia sobre a origem do balao, abre a champagnhe, fazemos um brinde (o Renato, claro, com suco de laranja! rs) e em seguida nos entrega um certificado! Que coisa mais chique. Inesquecivel!
Eu nao consegui parar de ver os videos ainda. As imagens ficam se repetindo aqui na minha mente.
So pra nao deixar duvida da importancia disso tudo, ou pra voces entenderem melhor, vou contar uma coisa agora. Eu tinha um sonho de voar de balao. Desde menina, ainda com 8 anos, quando vi no ceu pela primeira vez. Eu poderia sim ter feito isso a muito tempo. Mas eu sabia que isso aconteceria num momento especial da minha vida, e claro, com uma pessoa especial. Longa espera, que valeu cada minuto da minha vida. Jamais vou conseguir retribuir, e tambem sei que nao e isso que o Renato espera. Mas posso garantir que o passe dele valorizou muitoooo rsrs ;-)


Bjuss

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Mergulho Laje de Santos - SP

Quando as pessoas ficam sabendo que sou praticante do mergulho, mergulhadores ou não, algumas perguntas passam a ser frequentes. Questões do tipo: Há quanto tempo você mergulha? Qual a profundidade maior que você já desceu? Qual o lugar mais bonito que você já mergulhou? Qual foi o seu melhor mergulho? Enfim, se você também mergulha já deve ter se deparado com essa situação.
Como se a resposta ideal para lhe certificar como um bom mergulhador fosse: “Sou mergulhador há 15 anos, já desci 90 metros nas águas quentes do Caribe e meu melhor mergulho foi com os golfinhos adestrados de Cancun.”
Na verdade, isso não quer dizer absolutamente nada.
Ou melhor, quer dizer sim! Que você é um bacana com grana e louco.
O tempo não é um parâmetro pra definir um bom mergulhador. Você pode ter um ano apenas de certificação, mas ter feito 100 mergulhos nesse período.
Enquanto, outros podem ter 10 anos de certificação e apenas 10 mergulhos de experiência.
Como qualquer outra atividade, no mergulho, só se adquiri experiência praticando. A questão da profundidade é outra lenda do mergulho. É claro, existem pessoas que curtem profundidade, seja pela sensação do desbravamento, do perigo ou pela busca por vidas ainda desconhecidas. É uma questão de gosto e opção.
Eu prefiro os mergulhos até 30/35 metros, onde está a concentração maior de vida marinha e onde o colorido do fundo do mar pode ser apreciado. A partir de certa profundidade a luminosidade não chega e tudo no fundo do mar torna-se cinza. Isso explica porque as roupas de mergulho são todas pretas, azuis e cinzas. A não ser a minha, que aliás, ainda não encontrei outra igual, não sei o porque.
Ahh, um aviso, o Pink não assusta os peixes, rs.
O lugar mais bonito é bem relativo, mas é uma boa questão. Bem curiosa por sinal. É comum ouvirmos nomes repetidamente, o que não é ruim, pelo contrário fico achando que estão reafirmando a importância do lugar, mas passam a ser points que eu chamo de comerciais.
Certo dia me surpreendeu! Conversando com um senhor numa saída pra mergulharmos na Ilha dos Meros/RJ ele me disse que o lugar mais lindo que havia mergulhado foi no Pantanal. Olha que coisa mais inusitada! Imagina se eu não fiquei louca pra conhecer isso.
Agora, o melhor mergulho... ahh, esse não pode haver discordância! A resposta tem que ser unânime! Quando? Ué, óbvio que foi o último. O lugar? Não importa. Se você, assim como eu também ama o mergulho, o melhor é sempre o último.
E por falar em último mergulho, o meu mais recente foi um assombro! (assombro = fantástico) Na Laje de Santos, um dos melhores points de mergulho do estado de SP. Distante à aproximadamente 45 km do litoral tendo como base para saída a marina de São Vicente, um percurso de mais ou menos 01h35min min. de lancha.

Orgulhosamente a Laje se tornou um verdadeiro santuário marinho. É preciso parabenizar a Secretaria do meio Ambiente do Estado de São Paulo e ao Instituto Florestal pelo trabalho que tem sido feito desde a criação em 1993 do Parque Estadual Marinho Laje de Santos ou PEMLS (http://www.lajeviva.org.br).
É realmente notável o aumento de cardumes e principalmente a volta dos peixes grandes. Fiquei muito feliz ao perceber isso, principalmente em tempos em que o contrário é o que mais acontece, ver a vida marinha diminuindo em lugares que foram verdadeiros berçários. A primeira vez que fui à Laje pra mergulhar tomei um susto. Primeiro pelas lendas que são contadas, aliás, elas só me deixam mais curiosa. Agora, pense em você navegando pelo oceano atlântico e simplesmente do nada se deparar com uma formação rochosa, sem nenhuma vegetação, com mais de 30 metros de altura e 500 metros de comprimento, ou seja, uma verdadeira parede no meio do mar. Aliás, “Laje” é a definição que se dá a rochedos marinhos sem vegetação.

Lá está instalado um farol de sinalização marinha, além de abrigar milhares de aves, em grande maioria Atobás.
O mar é de águas azuis e cristalinas, com 20 metros de visibilidade média, mas podendo atingir até 30 metros, e isso eu posso garantir.
Durante o mergulho podemos encontrar cardumes de sardinhas, atuns e xaréus que dão um toque colorido. E tendo um pouco de sorte, poderá encontrar as imensas arraias-manta, garoupas, tartarugas, golfinhos e até baleias! Eu tive a sorte de encontrar uma grande tartaruga-verde se alimentando.
Pra mim é um grande presente, já que as tartarugas são os seres marinhos que mais me fascinam, depois dos tubarões é claro!
Fiquei parada só observando durante alguns minutos, e ela nem se importou com a minha presença, só quando um grupo maior de mergulhadores se aproximou que ela resolveu circular e lentamente foi se dirigindo pra outra direção.
Nadei com ela durante um algum tempo, até que meu ar foi pra reserva e eu tive que subir. Adorei!



Tanta beleza a ser apreciada merece seus cuidados. Fortes correntezas cortam a região, o que não impossibilita o mergulho, mas requer uma atenção especial com os equipamentos de segurança. A maioria das correstes são superficiais, até 5 metros, mas mergulhadores distraídos podem subir longe do barco e vão ter dificuldade para retornar ao mesmo. É recomendado o uso de sacos sinalizadores infláveis.



Mônica Magalhães
CBPDS/CMAS 3 Estrelas
Email: monica.cotia@gmail.com Profile
Orkut: http://www.orkut.com/Home.aspx?xid=11464728585999206540

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Mergulho em Angra dos Reis - Ilha Grande

Eu tava doida pra escrever sobre os points de mergulho em Angra, local onde eu conheço mais o fundo do mar do que meus vizinhos.
Dos vários sites para mergulho em Angra, a Ilha Grande pra mim é o melhor.
É um lugar simplesmente mágico. Vou tanto pra lá que as 8 horas de viagem tornaram-se rotina.

Localização:

O complicado foi sintetizar tudo. Ilha Grande é muito mais do que pontos de mergulho. Mas enfim, minha tentativa aqui foi de formatar um conteúdo de muita informação, e tentar direcionar ao público que mergulha ou aos seus entusiastas.
Muito antes de fazer curso de mergulho eu viajava pra Ilha Grande. Sempre a defini como um pequeno paraíso onde você não irá encontrar carros, nem prédios, nem grandes comércios. Apenas vilarejos de pescadores, algumas casas de magnatas e muitas pousadas.
As águas claras do mar da Ilha Grande, um verde esmeralda que reflete a mata que quase encosta no mar é um enorme atrativo para praticantes do mergulho.

Em qualquer parte da Ilha é possível nadar ao lado de peixes coloridos, mas a marca registrada certamente são as estrelas do mar. Até hoje nunca vi nada igual ao fundo do mar de Ilha Grande, parece mais uma constelação.

Um dos grandes mergulhos que fiz em termos de beleza de fundo de mar foi na Laje Alagada. Além de muitas estrelas, grandes pedras abrem fendas onde é possível descobrir passagens que nos apresentam grandes salões de areia branca repleto de estrelas do mar.

A Laje Branca é outro grande mergulho, localizada em frente a enseada de Araçatiba, a laje possui grandes pedras, e uma grande diversidade de espécies. Para os mergulhadores iniciantes e aqueles com pouco preparo físico não se aconselha dar a volta na ilha. A visibilidade é boa e a profundidade máxima está em torno dos 16 metros.

Outro grande mergulho é no Naufrágio do navio Pingüino. Este sem dúvida é o ponto mais requisitado para mergulho na Ilha. Seu fácil acesso fácil agrada tanto a mergulhadores iniciantes que ficam deslumbrados com o conjunto de destroços, quanto a mergulhadores avançados de naufrágio que curiosamente gostam de explorar seus porões e corredores.
Quase que completamente coberto por uma vegetação marinha, o naufrágio abriga uma imensa vida, os Cavalos-Marinhos são sempre encontrados.

O naufrágio do Helicóptero localizado na Laje do Matariz é outro ponto muito comum. A uma profundidade de 8 metros e de fácil localização. O aparelho que caiu em 1998, levava o dono do hotel Gloria. Atualmente está caído de lado, mas a turbina, tanque e 3 pás de hélice ainda continuam intactos. Não possui muita vida, mas um casal de Frade é presença garantida. E outra, convenhamos que um helicóptero no fundo do mar não é uma coisa comum de vermos.

Agora para mergulhadores avançados eu certamente recomendo o Parcel do Coronel.
Estive lá por 2 vezes mas ainda não consegui pegar a água na visibilidade como gostaria.
O Parcel está entre um dos 10 melhores mergulhos do Brasil segundo a revista mergulho.
Numa profundidade entre 18 e 25 metros começam a surgir as formações rochosas gigantescas, vamos por cima e é possível encontrar tartarugas se alimentando.
Logo mais à frente varias fendas se abrem e cada uma delas nos leva a salões com outras e outras fendas. As passagens são estreitas e cheias de ouriços e o que torna o mergulho um pouco técnico e delicado. A aventura certamente vale muito à pena.
Para os praticantes de caças as tocas reservam encontros com peixes maiores.

A Gruta do Acaiá, (Acaiá na língua Tupinambá significa útero e também chamada pelos caiçaras mais antigos como buraco do assopro) localizada no costão de dentro da Ilha Grande, a entrada da gruta está a aproximadamente 6 metros de profundidade. Deve-se evitar o mergulho quando a maré está enchendo, pois o mergulhador é "jogado" contra as pedras. Depois de um pequeno percurso de no máximo 20 metros chega-se ao salão, onde é possível tirar a máscara, já que existe uma chaminé por onde ocorre a ventilação da gruta. Há uma grande quantidade de pequenos peixes no seu interior, porém o espetáculo mais bonito é a saída quando podemos ver a claridade vinda da superfície.

A vida marinha é muito comum em todos os pontos de mergulho ao redor da Ilha toda. Certamente você irá encontrar Frades, Maria da Toca, peixes Borboleta, Trombetas, peixe Cofre, ainda com sorte Tartarugas verde e Golfinhos.

Em minha opinião é o lugar ideal para paulistas e cariocas praticarem o mergulho de turismo, principalmente para Check-Out (primeiro mergulho), onde as condições de mar são perfeitas pois em vários pontos maravilhosos de águas confinadas sem nenhuma movimentação, a visibilidade é ótima e com muitos peixes pra se ver.

Mônica Magalhães
CBPDS/CMAS 3 Estrelas
Email: monica.cotia@gmail.com
Profile Orkut: http://www.orkut.com/Home.aspx?xid=11464728585999206540

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Escalando o Pico dos Marins


Vou tentar fazer um breve relato do que foi minha primeira experiência em escalaminhada.
Eu já havia decidido que iria experimentar algo diferente, só estava me faltando oportunidade, mas é claro que tive influências pra isso acontecer mais rápido.
Meu namorado, o Renato, é aventureiro, montanhista, e é claro meu maior incentivador.
Num final de semana com feriado prolongado, e com uma ótima previsão de tempo, fui convidada a ir juntamente com um grupo de amigos dele pra escalar o Pico dos Marins.
Cabe ressaltar que todos já experientes no assunto, e eu aqui era a iniciante.
Já adianto que o Pico dos Marins pra iniciante não tem nada, bem que eu já achava isso antes mesmo de sair de casa. Não pesquisei muito sobre o assunto, pra não ter motivos pra desistência.
Resta-me confiar no meu companheiro e no quanto ele me conhece, afinal de contas você não iria me colocar em nenhuma fria, não é Rê ? Bem que você tentou me enganar com aquela história de “passeio no bosque”.
Um dia antes eu começo a fazer minha mochila (emprestada, uma vez que eu não tenho nem mochila...) e percebo que me falta tudo, ou quase tudo, para uma aventura como esta.
Saímos para comprar o básico, e alguns itens foram improvisados mesmo (como ir de tênis, por exemplo, já que depois eu ficaria sem ele certamente...) e minha maior preocupação como sempre é com a comida, minha mochila era basicamente 80% alimento e 20% outras coisas hehehe
Eu to morrendo de medo até então, afinal de contas tá cheio de histórias de pessoas que se perdem na selva por dias e sobrevivem até que apareça alguém para resgatá-los. Sem contar os animais que podemos encontrar no meio do caminho, nada contra eles, aliás, eu sou apaixonada pela natureza, só não interajo muito bem com animais silvestres, prefiro os marinhos ... hehehe
Mais uma vez eu confio muito no bom senso do meu amado e cedinho vamos de encontro ao restante do grupo.
Nossa programação é chegar na cidade, deixar o carro no lugar de partida e começar a escalada sábado ainda pela manhã. Chegar ao cume na parte da tarde, montar acampamento, ver o pôr do sol, dormir e no dia seguinte ver o sol nascer do alto da montanha.
Vou dar alguns dados sobre o Pico dos Marins.
Com seus 2.420,7 metros de altitude, localizado no município de Piquete (SP), é considerado o segundo ponto mais alto do estado de São Paulo, mais baixo apenas que a Pedra da Mina, na divisa entre São Paulo e Minas Gerais, na Serra da Mantiqueira.
Saindo de São Paulo ou Rio de Janeiro, pegar a rodovia Presidente Dutra e seguir até Lorena. Depois pela BR-459 em direção a Itajubá.
Ao passar pela cidade de Piquete, numa curva dois quilômetros à frente, há uma estrada que segue reta. É a saída para a trilha.
Logo nos primeiros quilômetros da estrada, ainda asfaltada, avista-se o Pico dos Marins pela parte traseira e o aventureiro já poderá ter idéia do que está por vir.
Eu ficava olhando e me perguntando se aquela montanha gigantesca que estava a minha frente era o lugar onde iríamos subir, e vou confessar aqui, eu torcia muito pra que não fosse...rsrs
Após percorrer cerca de oito quilômetros de curvas e mais curvas, afinal estará numa serra, encontrará um pequeno vilarejo encravado no pé da Serra, com gente bastante hospitaleira, um destes lugares simples e onde ainda existe o refrigerante tubaína envasada nas antigas garrafas escuras.
Vale a pena parar e trocar um dedo de prosa, para depois seguir a jornada.
O local é bastante recomendado para a prática do ecoturismo devido à sua grande beleza que, nos dias e noites de boa visibilidade, possibilita avistar várias cidades ao seu redor, com mais de 1500 metros de desnível.
É um roteiro ideal para quem quer caminhar, literalmente, acima das nuvens numa viagem às Cristas da Mantiqueira.
Em minha opinião, exatamente pelo grau de dificuldade: médio/pesado, o pico dos Marins é recomendado aqueles que praticam um mínimo de atividade física, principalmente aeróbica.
Eu não tinha nenhuma experiência em escalada e sofri um pouco no começo até pegar o jeito de subir e me equilibrar com uma mochila nas costas.
A emoção da trilha começará a partir deste ponto, quando se inicia a estrada de terra e o visual da paisagem se torna cada vez mais encantador, ideal para as primeiras fotografias do passeio.
Na verdade eu tô um tanto estressada com a situação, acabamos nos atrasando pra sair e a caminhada começou tarde, bate em mim um medo de escurecer e nós ainda não chegarmos no cume.
Além é claro da insegurança de saber como será minha performance na subida, o medo de atrapalhar o grupo, ficar pra trás, etc
Para atingir o cume dos Marins, a aventura torna-se uma verdadeira escalaminhada, isto é, usa-se mãos e braços para ganhar altura.
Isso se repete constantemente, sem descanso. Em vários momentos nos deparamos com trechos em que eu olho e acho que será impossível continuar por ali, mas não resta alternativa, o caminho é esse mesmo ... affee
É uma caminhada marcante tanto pela árdua subida, como pela paisagem que vamos apreciando.

A visão que tenho, vem se tornando cada vez mais panorâmica, a vegetação vai mudando, imensas rochas vão surgindo e cada uma delas quando ultrapassada me dá uma sensação de vitória aliada à recompensa.
O início da caminhada foi mais difícil, talvez pela adaptação, ansiedade, sei lá ... mas depois de 2 horas caminhando, já preocupada com o tempo, a distância, e acho que já com a musculatura aquecida eu acelero na subida e não quero mais parar ... agora já entendi que o cume é a meta, então, que ele chegue logo ... na verdade eu tava era com muitooo medo de escurecer e eu estar bem no meio do caminho, o que implicaria em fazer montar o acampamento num ambiente perigoso, desabrigado e selvagem ... affeee
O ponto mais gratificante de toda a aventura é com certeza o pôr-do-sol, estamos a 10 min de chegar no local que acamparemos, mas a parada é obrigatória para assistir o sol descer estando acima das nuvens.
Tiramos algumas fotos rapidamente e eu já disparo continuar a subir, temos pouquíssimo tempo pra começar a montar as barracas. Poderia ter sido mais fácil, mas enfim deu tudo certo, mesmo com nossas minúsculas lanternas conseguimos montar as barracas e nos preparar para uma temperatura de 5 graus que faria na madrugada.
Olha, posso lhe dizer que é bem frio. Ainda bem que não pegamos ventos, o que aumentaria bastante a sensação de frio.
No acampamento de montanhas, à noite, dá pra avistar as luzes que iluminam várias cidades do Vale do Paraíba. No anoitecer, o céu e as estrelas são outro espetáculo inesquecível, é possível ficar horas deitado de costas na pedra e olhando pro infinito, vendo constelações e galáxias.
Dormir nos primeiros momentos também me gera um estresse, afinal de contas é um acampamento selvagem e animais podem aparecer no meio da noite, por sorte, estou exausta e logo o sono vem...
Outro momento de grande contemplação é ver o sol nascer. Com os primeiros raios que refletem no céu e nas montanhas com várias cores, entre o azul-violeta até o vermelho-laranja-prateado.

Aqui sem dúvida eu vejo um nascer-do-sol dos mais belos que já ví. A planície cobre as cidades e aos poucos as nuvens vão subindo e novas imagens surgindo. Inesquecível.
Acho que neste momento eu pude compreender a dimensão de onde eu estava, e como eu cheguei e ainda filosofar muito sobre questões existenciais rsrsrs
A volta, ou seja, a descida, ao contrário do que eu esperava não é nada fácil, pelo contrário, trechos extremamente técnicos e perigosos. Me sinto a verdadeira Spyder Woman (mulher aranha, rs).
Tanto que o tempo gasto para descida foi o mesmo que para subirmos. 4 horas no total. A última meia hora dura um dia inteiro pra passar, os dedões dos pés já começam a ficar insuportáveis ao toque, as pernas estão se arrastando e a água está acabando rs. Tudo isso faz parte.
No dia seguinte, certamente tudo vai doer. Dor que vai passar depois de uns 2 ou 3 dias. Mas as lembranças, as fotografias e as imagens vão ficar. Típico das coisas que não tem preço.
Obrigada Rê. Esse foi um momento mágico que você me proporcionou, as imagens que vi e sentimentos que senti foram maiores e se tornaram especiais certamente porque você estava ali comigo. Eu escrevo essa história pra você.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Novo amor

Ver o sol que se levanta na montanha,
planice que cobre uma cidade tamanha,
Calor singelo que aquece a grama molhada,
orvalho que rega com água gelada.

Amar é ver pássaros coloridos a cantar,
Sentimentos que surgem pra renovar,
E como águem que brota da natureza,
Inesperadamente a vida me faz uma surpresa,

Me liberta do medo e do racor,
Toma a minha defesa por amor,
me trata com nobreza, me chama de princesa.


Tú és pra mim um diamante,
Serei companheira, amiga e amante,
Meu coração baterá vibrante,
Num toque repetido que diz,
com você quero ser Feliz.

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Mergulho em Cuba - Maria La Gorda


Cuba sempre foi um dos lugares que eu sonhei em mergulhar. Acho que todo mergulhador tem uma listinha do “top 10” melhores sites para mergulho que deseja conhecer um dia. E se você nunca fez isso antes, experimente começar, é muito bom, é um estimulo pra levantar cedo e ir trabalhar todos os dias.
A semana que antecedeu a viagem parecia que não iria acabar nunca, tamanha a ansiedade da cidadã aqui.

Estávamos num grupo de 9 pessoas, todos já mergulhadores com uma certa experiência, o que ajudaria muito a equilibrar o nível dos mergulhos que faríamos.

Famosa por ser um dos últimos países socialistas do planeta e um verdadeiro calo nos sapatos do Tio San, viajar pelas estradas e andar pelas ruas é como entrar num túnel do tempo, eu diria que uma experiência única de sobrevivência.

Políticas à parte, Cuba é acima de tudo um lugar privilegiado pela natureza. Seus mares já foram palco de histórias de piratas, tentativas de invasão e fuga de refugiados. É certamente um país com uma carga histórica imensa, pudemos conferir isto nos 3 dias que ficamos em Havana para conhecer um pouco mais da vida cubana. Mas hoje os mares de Cuba estão sendo invadidos por um grupo que não tem nada a ver com política: os mergulhadores.

Em uma região tão múltipla, Cuba se destaca por ser singular. A ilha em forma de jacaré - a maior do Caribe - tem um nome só. Um idioma só. Um jornal só. Um chefe só. Um partido político só. O arquipélago cubano é composto por aproximadamente 4195 ilhas, são muitos sites pra se praticar mergulho, alguns dos mais conhecidos são Ilha da Juventude, Varadero e Maria La Gorda.
Este último foi o meu local elegido.

Maria la Gorda está localizada no extremo oeste de Cuba, na Península de Guanahacabibes, na Reserva Natural Cabo Corrientes. No lado ocidental da Ilha principal de Cuba a 400km da Havana, Maria La Gorda tem encantado os mergulhadores que visitam suas águas, devido a sua fauna submersa, verdadeiro tesouro caribenho. Os pontos de mergulho são próximos da costa e são repletos de gorgonias e mais de 20 espécies de corais. Lagostas, moréias e peixes de pequeno e médio porte são facilmente encontrados entre as passagens e cavernas dos recifes coralinos.

Tamanha beleza tropical não poderia ser tão fácil de se encontrar não é? Viajamos por 7 horas num vôo da Copa Airlines até o Panamá onde fizemos conexão e mais 3 horas de vôo pra Havana. Depois de mais de 10 horas viajando ainda é preciso que pegar um translado para Maria La Gorda, que, devido às condições da estrada e falta de sinalização durou mais 7 infinitas horas.

Apesar do cansaço e distância, o lugar dispensa elogios e comentários. Basta dizer que eu iria novamente fácil. Chegamos á noite e não foi possível nem ver o mar, mas assim que o dia amanheceu nos trouxe um visual de areias branquinhas, fundo de calcário, e um mar piscina que começava azul bebe, passando pro turquesa e logo mais à frente um azul Royal. Que paisagem perfeita.

A região do mergulho é uma das regiões mais protegidas de Cuba, dando chance a um grande desenvolvimento de recifes coralíneos, sempre a pequena distância da costa. Aliás, essa é uma grande vantagem da região, já que a grande maioria dos pontos de mergulho estão a poucos minutos do pier, que se localiza na frente do hotel.

O centro de mergulho pertence ao governo, como tudo num país socialista. Nosso pacote já incluía saídas de mergulho, mas pra você ter idéia uma saída custa aproximadamente 20 Euros para cada cilindro. Com lanchas rápidas, nosso grupo se acomodou numa embarcação boa e com uma tripulação muito bacana.

Os Buceos (mergulho em espanhol)

Maria La Gorda possui mais de 70 sites pra mergulho. Em nossa estadia de 5 dias foi possível conhecer 14 espetaculares pontos. As características mais marcantes do fundo do mar são as formações de cavernas e tocas que lhe levam à salões de areia branca ou então lhe abrem uma saída para um paredão vertical de 1800 metros de profundidade. Nestes lugares a sensação que se tem é de voar pra um infinito azul, com uma visibilidade superior aos 30 metros a um visual extremamente convidativo a descermos mais, certamente efeito de Narcose. Pena que esse momento de êxtase dura pouco, sempre muito atento nosso Dive Master logo nos atenta para iniciarmos nossa subida multi-nível para sanar gradualmente nosso nível de nitrogênio.

Outra característica estarrecedora é a temperatura da água, nunca menos de 29 graus nem aos 30 metros de profundidade. Eu nunca vi isso na minha vida. A maioria dos mergulhadores desce apenas de sunga ou lycra. O que deixa o mergulho extremamente confortável, já que sem neoprene e com cilindros de aço o lastro diminuí consideravelmente ou no meu caso, nem existiu.


Vida Marinha

Em todos os pontos é comum termos uma grande variedade de vida marinha. A pequenas profundidades temos sempre uma grande quantidade de peixes e cardumes recifáis, muitas barracudas, Moréias e xaréus. Existem pontos específicos para encontrarmos grandes Meros e Garoupas de proporções apocalípiticas (jargão habitualmente usuado por meu dupla). Belíssimos Cângulos, Siliares, Frades, Papagaios, e por ai vai ...
A excelência do mergulho em Cuba está na variedade de Corais, Esponjas e anemônas, os jardins de Gordonias e grandes formações, é único e inesquecível.


Além do Mergulho

É preciso destacar aqui a cordialidade e simpatia do povo cubano, principalmente com brasileiros, sempre queridos.
O profissionalismo dos Divemasters que se preocupam, acompanham, avaliam com seriedade o perfil de cada mergulhador, escolhem os melhores points sempre levando em consideração os mergulhos do dia para garantir a realização em total segurança.
Á infra estrutura do hotel, que possui instalações confortáveis, agradáveis e ainda fornece serviços completos de enfermaria.


Dicas

Não tenha um surto psicótico pelo mergulho. O mar está lá diariamente. Planeje os mergulhos para sua própria segurança, respeite as regras de segurança e sua condição física.
É muito fácil cair em descompressão, basta dispersar a atenção por alguns minutos. Um bom computador de mergulho é indispensável.
Muito protetor solar e muito repelente. Você verá que ainda sim não será suficiente.
Máquinas fotográficas sub são sempre bem vindas, você certamente não se arrependerá.
E o mais incrível, o Celular pega em Maria La Gorda. Não que seja aconselhável seu uso, já que o minuto é uma fortuna, mas nos deixa mais tranqüilo e ambientado.
Reserve um dia para conhecer Havana pra comprar Rum e charutos cubanos, fora isso não existem mais opções de suvenir.

Mônica Magalhães
CBPDS/CMAS 3 Estrelas
Email: monica.cotia@gmail.com
Profile Orkut: http://www.orkut.com/Home.aspx?xid=11464728585999206540

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Uma paixão pelo fundo do mar


Posso afirmar sem errar que mergulhar foi a experiência mais fantástica que eu já tive na vida.
Comecei meu curso com uma expectativa normal, mesma anciedade e curiosidade de qualquer outra nova experiência no mundo das atividades de aventura. Como quem compra uma bike e sai pra fazer o primeiro pedal, ou como fazer o primeiro rafting, o primeiro rapel, etc ...
Você pode simplismente experimentar, pode gostar muito, ou se apaixonar.
Não gostar é praticamente impossível.
Se você está aqui agora, é por que temos algumas coisas em comum, seja o amor pela natureza, pela adrenalina que corre nas veias a cada aventura vivida ou pelo orgulho de não viver na inérsia do cotidiano.
Eu estava indo conhecer Fernando de Noronha em Setembro de 2004, e claro, como todos recomendam, não dá pra sair de lá sem conhecer o fundo do mar! Já saí de São Paulo com meu curso agendado. É verdade que é mais caro fazer o curso lá, mas também olha o privilégio de ter o mar de noronha como piscina não é ?

Hoje eu chego a conclusão que a primeira experiência numa atividade de aventura é muito importante. Pode ser crucial na sua decisão, pode se apaixonar ou nunca mais voltar a fazer. Ter uma primeira boa impressão de qualquer coisa é vital.
Se você mergulha certamente se lembra do dia do seu batismo, ou check out, como queiram chamar, que é o primeiro mergulho no mar. Se foi uma experiência agradável você deve se lembrar com muito orgulho e carinho, caso contrário ...
O mar é realmente imprevisível. Por isso, se um aluno faz seu batismo em condições pouco favoráveis eu já trato de aconselhar na mesma hora a fazer outro mergulho, de preferência logo em seguida pra tirar qualquer impressão distorcida do que realmente é a atividade de mergulho. E isso deve ser utilizado em qualquer atividade práticada. É como se dar uma segunda chance já que a primeira não servio como parâmetro.
Meu medo, principalmente com as questões de segurança no mergulho me fizeram buscar mais informações, ir atrás de conhecimento e aprimoramento na prática para garantir em primeiro lugar meu próprio bem estar. E hoje, depois de muitos conceitos vistos e revistos, perceber a importância e responsabilidade de conduzir as pessoas nesta atividade.
Depois do meu batismo em Fernando de Noronha eu me apaixonei não só pelo mergulho, mas por tudo com que ele se relaciona, como pela vida marinha, pelas embarcações, pelos naufrágios, etc ...

Agora a grande satisfação veio mesmo no dia em que eu conduzi meu primeiro aluno em seu primeiro mergulho. Descobri que, ser uma apaixonada pelo mergulho é muito bom, mas ver nascer essa paixão nas outras pessoas e saber que você contribuiu pra isso é impagável.
Cabe muito bem dizer aqui que Noronha é um lugar sensácional sem dúvida nenhuma, mas isso não quer dizer que seja o único lugar que valha à pena pra começar a mergulhar.

Minha proposta é mostrar pra você os lugares conhecidos e comercializados, lugares inexplorados e inusitados, lugares que eu experimentei, conheci e as experiências que tive, e principalmente, os lugares que eu não conheço e vamos ter a oportunidade de conhecer juntos.
Abraços e águas claras pra você!

Mônica Magalhães
CBPDS/CMAS 3 Estrelas
Email: monica.cotia@gmail.com
Profile Orkut: http://www.orkut.com/Home.aspx?xid=11464728585999206540

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Mergulho - O princípio de tudo



Se vamos começar a falar de mergulho, então acho necessário explicar a origem de tudo. Comercialmente falando a atividade começou a ser explorada por volta do ano de 1946, e o homem que mais contribuiu pra isso foi Jacques Cousteau. Ou seja, contar a sua história é contar como o mergulho surgiu. Inventor do Scuba (Self-Contained underwater breathing apparatus), tive que decorar este nome porque já me perguntaram a tradução da palavra, que em português quer dizer Compartimento de ar para respiração subaquática, ou popularmente conhecido como Mergulho Autônomo, com cilindro de ar comprimido.

Posso escrever páginas sobre esse ser humano fantástico que foi Jacques Cousteau tamanha é minha admiração por ele.
Eu lamento muito por não ter acompanhado sua história enquanto ele ainda era vivo.
Nesta época eu era ainda uma adolescente que gostava de assistir suas aventuras pela televisão, mas só hoje posso perceber a dimensão do seu trabalho.
Vou relatar aqui uma breve bibliografia de Cousteau, falar um pouco da importância de seu trabalho para os mergulhadores de hoje e as atividades que ainda continuam sendo feitas em seu nome por seu filho Jean-Michel Cousteau.

Jaccques Cousteau, um francês, se formou Oceanógrafo mas tinha outras atividades como cineasta e inventor.
Nasceu em 11/Junho/1910, em Saint André de Cubzac na França, e faleceu com 87 anos em 25/Junho/1997, em Paris no seu próprio páis.
Ele se graduou na academia naval da França em 1933 e logo devem ter percebido que Cousteau não seria um simples oficial, apesar de não ser nenhum cientista formado as suas invensões já faziam sucesso. Alías, até hoje podemos perceber que todo mergulhador tem um pouco de “Prof. Pardal” e Cousteau não era diferente.

O que existe sobre mergulho até esse momento é o pesado escafandro com alimentação de ar. Limitados e com pouquissíma mobilidade.

Em 1936 ele sofre um grave acidente automobilístico, quase fatal no qual quebrou os dois braços. Nesta época ele foi obrigado a renunciar, e graças à Deus, deixou de lado os planos de se tornar um piloto da Marinha.

Nada é realmente por acaso, durante a sua recuperação, Cousteau descobriu o mergulho autônomo. A fascinação pelo esporte era tanta que junto com o amigo Émile Gagnan, ele realiza seu sonho e cria o equipamento de mergulho autonomo, que veio substituir os escafandros.

A paixão de Cousteau pelo mar e pela vida marinha era tão grande que logo ele foi convidado a participar das explorações submarinas pelo exército da marinha francesa.
Servindo ao exército durante a época da segunda guerra mundial ele ainda chegou a ser condecorado por seus serviços de espionagem já que era o inventor de várias ferramentinhas para os oceanógrafos.
Certa vez eu lí que, a Guerra é o período em que tecnologia mais avança, e concordo plenamente. Foi durante o período de guerra que Cousteau começou o trabalho de filmagens subaquáticas, trabalho que continuou mesmo depois que a Guerra acabou, tornou-se líder no Grupo de Pesquisas da Marinha Francesa.

O primeiro navio de Cousteau foi o Calypso. Uma embarcação concedida pela marinha britânica. Aqui já dá pra perceber a capacidade de Cousteau pra levantar fundos pra seus projetos e expedições.
Várias reformas e alterações foram feitas para transformar o Calypso em um navio apto para expedições e pesquisas oceanográficas. Isso foi no ano de 1950, impossível não pensar de modo comparativo, eu fico imaginando os aparatos tecnológicos disponíveis nesta época, e cada vez mais concluo o quanto Cousteau foi mágico ao realizar tanta coisa com tão pouco.

Ele ganhou reconhecimento internacional com a publicação do livro “O Mundo Silencioso” em 1953, o primeiro de muitos livros. Dois anos depois ele adaptou o livro para um documentário que ganhou a Palma de Ouro em 1956, no Festival Internacional de Cannes e o Prêmio da Academia em 1957, um dos três Oscars que seus filmes ganharam. Aposentado da Marinha em 1956 com o título de capitão, Cousteau foi trabalhar como diretor do Instituto e Museu Oceanográfico de Mônaco.
Uma das experiências que eu considero mais fascinantes na vida de Cousteau foi no início da década de 1960 quando ele conduziu experimentos sobre viver sob as águas em laboratórios submarinos (que tinham os estranhos nomes de Conshelf I, II e III, procurei mas não encontrei tradução ...). Em 1965, ele cria uma casa submarina e pela primeira vez na história seis pessoas vivem por um mês a cem metros de profundidade.
Cousteau produziu e atuou em muitos programas de televisão, incluindo a série americana “O Mundo Submarino de Jacques Cousteau” , foi essa que eu tava dizendo que acompanhei quando adoslescente, e dependendo da sua idade você irá se lembrar também, as gravações dos programas de Cousteau foram veiculadas repetidamente durante muitos anos.
Ele consquistou ainda o Oscar em 1956 com o documentário “O mundo silencioso”, filmado no Mediterrâneo e no Mar Vermelho.
Provavelmente por falta de experiência e vivência em trabalhos hollywoodanos que ele comete um grande erro. Seus primeiros filmes, não tinham nenhum tipo de preocupação ecológica. Golfinhos eram mortos e usados como iscas para conseguir imagens melhores dos tubarões. No total, foram quatro longas-metragens e setenta documentários para a televisão.
Olha, se a conciência da preservação marinha fosse um produto eu diria que seu inventor também foi Cousteau. Imagine uma época em que a exploração comercial turísca rende milhares e milhares de dólares e surge alguém preocupado com a degradação do mundo e torna-se defensor dos Mares. Ele quase começa uma guerra quando em 1960, ataca a imersão de dejetos radioativos no mar Mediterrâneo, liderados pelo general de Gaulle Presidente da República, fazendo-o cessar.
A partir dái Cousteau popularizou o estudo da vida marinha através de inúmeros livros, filmes e programas de televisão que ilustram as suas investigações submarinas e com toda preocupação da preservação e conciência ecológica. Seu trabalho foi se expandindo, ele fundou inúmeras organizações de marketing, produção, engenharia e pesquisa, e toda essa estrutura foi depois incorporada ao Grupo Cousteau que nesceu em 1973.
Em 1974 ele formou a Cousteau Society, um grupo ambientalista sem fins lucrativos dedicado à conservação marinha. O seu último livro “Man, the Octopus, and the Orchid”, que foi publicado postumamente.
Em 8 de janeiro de 1996, no porto de Cingapura o Calypso vai a pique, imediatamente Cousteau lança uma campanha para construir o Calypso II com previsão para ser lançado ao mar em 1998, mas Cousteau nunca chegou a ver isto, pois em 25 de Junho de 1997, Paris, Jacques-Yves Cousteau faleceu.
Atualmente é o filho de Cousteau, Jean-Michel, que comanda as fundações e seus navios.
Jean-Michel Cousteau é um oceanógrafo, ambientalista, ecologista e educador francês. Ele é considerado um dos principais ativistas pró-ambiente do mundo, inspirado principalmente pelas proezas do seu paique foi o pioneiro na descoberta dos recursos do fundo do mar.
Desde 1999, ele fundou e até hoje continua presidindo uma organização sem fins lucrativos, a Ocean Futures Society (OFS), que busca o desenvolvimento de soluções sustentáveis para o oceano e vida marinha.

Mônica Magalhães
CBPDS/CMAS 3 Estrelas
Email: monica.cotia@gmail.com
Profile Orkut: http://www.orkut.com/Home.aspx?xid=11464728585999206540

segunda-feira, 5 de março de 2007

Copa Sampa Bikers MTB

Certo seria eu me preservar mais durante a semana e focar mais no treino pra corrida, mas as noites quentes que tem feito aqui em São Paulo são inspiradoras pra um happy hour e também, vamos combinar, não sou nenhuma profissional do MTB e nem tenho inspirações de ser.
No domingo, dia da corrida, levanto cedo, 6:00 Hrs. Deixei pra ajeitar as coisas pela manhã e ainda dar um trato na bike, deixar ela prontinha pra ficar sujinha novamente. Tomo um café da manhã completo e sussegado. Isso me relaxa.
A largada está marcada para às 10:00 Hrs, vou chegar 1:30 mins antes pra não me estressar com a organização, que normalmente sempre é meio conturbada nestes eventos.
A Copa Sampa Bikers de MTB está dividida em 3 etapas. Esta é a primeira, na cidade de Itupeva no interior de São Paulo, aproximadamente 1 hora da capital.O percurso todo é de 20Km pra minha categoria e de 40Km pra categoria da Elite que irá fazer 2 voltas no mesmo percurso.
Chegando no local, o ritual é sempre o mesmo, pegar kit, montar a bike, abastecer de água, passar protetor solar, alongar bem, comer energético e ir aquecer um pouco.
Hoje o sol está absurdamente forte.
Pense num dia quente, muito muito quente. Perfeito pra ficar dentro de uma picisna o dia todo. Ótimo pra pular numa cachoeira de água bem, bem gelada. Mas nunca pra pedalar num estradão sem uma sobrinha se quer.
Conforme os minutos iam passando e o dia ficando mais quente, a melhor coisa é largar logo e chegar o mais rápido possível de volta.
Eu já estava esperando uma prova difícil, mas foi bem pior do que eu imaginava. A largada do masculino aconteceu pontualmente as 10 Hrs e o feminino 2 mins depois.
Pra surpresa de todos, logo no início, com uns 2km, havia um trecho de single que simplismente gargalou todo mundo. Passagem de 1 ciclista por vez. Não havia dado tempo o suficiente pra Elite dispersar, e mesmo quando nós mulheres chegamos ainda estava uma confusão danada.
O trecho de single estava mesmo bem arranhado, muitas raizes, depressões, calombos e até paredes, alí não dá mesmo pra pegar velocidade porque se tromba com uma fila de ciclistas já que a trilha é de 1 bike por vez.Vou fazendo o meu pedal, já tombei 1 vez até agora, mas foi na grama..ufaaa.
Passado o perrengue do single, caímos numa trilha no meio de um pasto. Daí em diante foi um sobe e desce montanta ... ou melhor, um sobe, sobe, sobe, sobe, desce de montanha.
O sol aqui judia muito, não há uma sombrinha se quer. Pense num dia quente. Muito muito quente.
A galera nessa altura já tinha dispersado um pouco mais, mas com uns 5/6 Km já começo a ver gente pelo caminho passando mau, eu mesmo estou com medo, vou bebendo bastante água, mas não sei o que vai acontecer nos próximos 15Km.
Fiquei com muita pena de uma garota que ví, ela estava indo muito bem, certamente uma das primeiras, mas passou mau e não tinha nenhuma sombra pra ela se encostar, se agachou na sombra de um capim pouco mais alto do que ela e nem sei quanto tempo ficou por ali.
Com 10Km de prova meu coração queria sair pela boca. Jeee, como é horrível, como cansa...
Agora faltam mais 10Km pra acabar, estou no meio do caminho então, tanto faz continuar ou voltar. Paro no apoio pra dar uma respirada, abasteço o Camel e sigo cansada, muito muito suada e irritada, affee.
Não faço a menor idéia de que posição eu estou, só quero terminar logo esse sofrimento...
Logo á frente me esperava mais trilha no meio do pasto e mais um trecho de single.
Quando meu computador mostrava 19Km eu já começava a ficar contentinha, afinal de contas eu não havia caído e nem desmaiado, de repente eu vejo literalmente uma parede pra subir, jeee ninguém merece!
Nem tento subir, já pulo da bike e com o coração parecendo uma britadeira vou empurrando achando que ali já é a chegada. Não era ali, mas, um pouco mais à frente, então deu pra chegar.
Pra iniciantes esta competição não tinha nada a ver. Duvido que alguém que tenha feito nesta corrida sua primeira prova volte a correr novamente um dia.
Foi bem bem difícil, o circuito, os trechos de singles e o calor.
Me espalhei na primeira sombra que ví e alí fiquei me recuperando por alguns minutos.
Terminei meu percurso em 2 Horas. Pra se ter idéia do meu amadorismo, a categoria da Elite faz no mesmo tempo o mesmo percurso duas vezes. Ou seja, duas vezes o mesmo perrengue affeee...
Pra minha surpresa mesmo, fico em segundo lugar na minha categoria, e mesmo com pódium, medalhinha e vários presentinhos não consigo ficar feliz ainda, eu cansei tanto que ainda tô irritada.
Prometo que não venho nunca mais! Mas dái passa um mês, eu esqueço como é ruim e como eu sofri, aí, volto outra vez, hehehe...
ahh, e pense num dia quente, muito muito quente...

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Viajando de Bike pelo Litoral Sul


Viajar de bike é sempre um sonho pra quem gosta de ciclismo.
Eu não me lembro ao certo em que momento surgiu a idéia, mas enfim, fazer o litoral foi uma escolha baseada no meu nível de experiência, já que seria a minha primeira viajem.
O Ricardo, à quem eu trato carinhosamente de Rica em meu texto, é quem propôs o roteiro e organizou toda nossa viagem, e o amigo no qual eu compartilhei essa fantástica experiência.

Nosso roteiro de viagem é organizado da seguinte forma:
Feriado de Carnaval, 4 dias no total, podendo se extender a 5 dias caso necessário.
Sairemos da cidade de Iguape - Litoral Paulista, faremos uma pedalada por toda Ilha Comprida chegando no seu final que é a cidade de Cananéia.
Em Cananéia pegaremos um barco que nos levará até a comunidade de Marujá na Ilha do Cardoso, onde dormiremos na segunda noite.
No terceiro dia vamos pedalando até o final da Ilha do Cardoso numa comunidade chamada Ararapira onde uma voadora (tipo de embarcação pequena e motorizada) nos atravessará para a Ilha de Superagui, que é uma reserva natural lindíssima.
Pedalamos por toda reserva até a comunidade da Vila de Superagui onde dormiremos nossa terceira noite.
Quarto dia, pegaremos um barco que nos atravessará para Ilha do Mel, cruzaremos a ilha no pedal até sua outra extremidade onde novamente procuraremos um barco para chegar em Paranaguá.
Da cidade de Paranaguá saímos na pedalada em direção à charmosa cidade de Morretes onde dormiremos nossa quarta noite de viagem.
De Morretes subiremos pra Curitiba de trem turísco, pela ferrovia Paranaguá - Curitiba que é uma obra prima da engenharia.
Temos a opção de dormir em Curitiba e voltar pra São Paulo no dia seguinte, ou no mesmo dia assim que desembarcarmos do trem já que a Ferroviaria é ao lado da Rodoviária.
Esta é a nossa direção, mas onde iremos dormir em cada um desses lugares será uma surpresa, já que nada foi reservado, apenas, resolvemos então levar a barraca pro caso de uma emergência, afinal de contas é feriado de Carnaval.

O roteiro é perfeito, pois leva em consideração o pedal por longos trechos porém em areia batida e muito plana, facilitando essa minha primeira experiência.
A quantidade de dias também é ideal, dá pra se pedalar pela manhã e chegar ao destino do dia, tendo tempo suficiente pra procurar por um lugar pra dormir e ainda sair pra uma volta à noite.

16/02/2007 (Sexta-Feira)

Saímos de São Paulo no terminal rodoviário da Intersul alí do Taboão da Serra.
O horário de saída estava previsto para as 15:40, mas atrasou uma hora.
Sem problemas, nossa intenção é não chegar muito tarde em Iguape porque ainda temos que procurar um lugar pra dormir.
Também fiquei tranquila porque não encheram o saco pra levar as bikes no bagageiro do ônibus, as vezes tem companhia que dá trabalho.
Até que não pegamos nada de trânsito pra um feriado de Carnaval, por volta das 21:00hrs estámos desembarcando as mochilas e as bikes na rodoviária de Iguape.
É a primeira vez que vejo a bike do Rica montada com o alforje + barraca de camping, olha que, a menina tá engraçada ... ainda não sei como ele vai conseguir pedalar assim, é estranho a impressão que se tem é de desequilíbrio e peso, muitoooo peso.
Já havíamos levado nossos acessórios numa sacola na mão pra facilitar, foi só montar a bike e sair pedalando pela cidadezinha pra procurar um lugar pra ficar.
A cidade de Iguape é bem bonitinha, centrinho histórico, mas é limpinho e até tava rolando um carnavalzinho de bairro.
O bar pra tomar um chopp em frente a Igreja Matriz foi um achado.
Lugarzinho estiloso, chopp gelado e bom atendimento, é a cara do Rica.
A noite estava bem quente, clima propício pra se tomar muitas, pena que agente vai pedalar no dia seguinte e eu ainda tô preocupada com a minha performance, melhor não exagerar.
Nosso hotelzinho é bem muquifinho, pequeno, quente, fedido e barato ... kkkk ...sem problemas, é só por uma noite ... e faz parte da aventura.
Minha preocupação é sempre com a comida, não gosto de comer mau ou ficar sem comer que fico de mau humor (mas meu mau humor é light, eu nem mordo ninguém).
Já fui perguntando pro tiozinho como era o café da manhã que estava incluído na diária (pelo preço ...), pão com manteiga e café preto. Affee, pra pedalada que eu tinha isso não ia dar nem pros primeiros giros.
Achei melhor procurarmos uma padaria e tomarmos um café da manhã com mais sustância eu diria. Nem acredito que eu ainda pedi um desconto por não ficarmos pra comer rsrs, acho que não fiz as contas ... (que eu esperava? será que uns 10 reais num pão com manteiga ??)

17/02/2007 (Sábado)

Acordo com um delicado toque de sinos da igreja Matriz às 6:00 Hrs da manhã. A sutileza da batida era tão grande que eu tinha certeza que era uma bateria de escola de samba, alguma escola deveria estar começando a desfilar... ninguém merece, pensei.
Caracterizados de ciclistas fomos pra padariazinha da cidade tomar meu esperado breakfast. Hum... nota 7,5. A não ser pelo atendimento, gente bacana, atenciosa e muito simpática. Também começo a perceber que ciclistas são sempre bem vistos em qualquer lugar.

Logo pude perceber que passaria a ser comum durante a viagem sermos observados por olhares curiosos, e que por muitas vezes iríamos repetir a história de qual era o roteiro da nossa viagem.
Tomamos informação da direção de Ilha Comprida e da situação para o pedal numa base do corpo de bombeiros. É importante saber os horários da maré pois, quanto mais baixa, maior e melhor será a faixa de areia para se pedalar.
A Ilha Comprida completa tem aproximadamente 80Km, mas saindo do ponto onde estamos em Iguape até sua outra extremidade temos pela frente uns 50Km. Distância até que trânquila, se o vento estiver à favor então melhor ainda. Mas normalmente percebemos que pela manhã os ventos são sempre bem brandos, o que não ajuda muito, mas também não atrapalha (caso fosse vento contra seria mais difícil ...).
Detalhe, o bombeiro que nos forneceu a informação sobre as condições da praia fez um pequeno comentário no final pro Rica, "cara, você é corajoso..." (pensei ..e eu entao, o que sou??? provavelmente louca né!)

Pra minha surpresa (e pra do Rica também...) até que meu pedal rendeu, ainda estou me acostumando com a mochila nas costas, tem momentos que ela me incomoda muito.

O visual é uma coisa inusitada, incomum. Se perde de vista a praia, a faixa de areia que termina no horizonte por muito tempo. É possível se pedalar por até uns 5 kilometros sem ver um sinal de vida. Mas não mais que isso. Essa formação natural se chama "Lagamar".
A água do mar não é clara, mas deve-se ter muita vida por que a pescaria aqui é frequente. Sempre cruzamos com pescadores de praia. Ahh, e com o bombeiro também, pelo menos umas 4 vezes, só que ele passava de moto, e sempre nos cumprimentava.
Duas horas de pedalada até o final da praia, já se chega na balsa que nos atravessa pra outra margem novamente, alí já é a cidade de Cananéia.
Rapidinho já encontramos um barco de turistas que estava saido pra Ilha do Cardoso, e poderia nos deixar na comunidade de Marujá.
O barco é mais demorado, serão 2 horas de travessia, mas é bem mais barato. Uma outra opção é ir de voadora, faria o mesmo trecho em 40 mins, só que custa 5x mais caro.


Enquanto acomodamos as bikes no barco, percebo mais uma vez os olhos que nos seguem expantados, estou quase me convencendo que não sou deste planeta.

O percurso é lindo, mangue, vegetação virgem, e botos, muitos botos nos acompanham pelo caminho.
Chegando na comunidade de Marujá não encontramos lugar pra dormir, o lugar estava simplismente lotado de gente levando em conta que o lugar é pequeno pra tanta acomodação.
Depois de muita procura, encontramos uma vaga de barraca,
o que já foi uma alternativa.
Não foi uma experiência muito agradável, mas pelo menos usamos tudo o que havíamos levado.
Eu pirei com a comunidade de Marujá. Que galera é essa? Que festa é essa? se o mundo acabar assim será perfeito.
O lugar me lembra cenas do filme "A Praia", e as pessoas também. Festa aqui gira 24x7. Mesmo depois que a força acaba as 2 da manhã.
Vou narrar um pequeno trecho da balada que presenciei. Por volta de meia noite, uma galera, cerca de 500 pessoas na festa, saem do bar que toca agora um forró animadíssimo, vão para o gramado e dão as mãos, começam todos a girar numa grande ciranda, e como cantam, e como dançam. A energia desse lugar é um assombro.
Logo é hora de dormir, tem pedal logo cedo e hoje não tem pousada nem colchão. NM!!

18/02/2007 (Domingo)

Acordamos bem cedo (na verdade acho que nem dormimos...), desmontamos o acampamento e fomos procurar um lugar pra tomar um café da manhã.
Pra minha surpresa as 7:00 hrs já tinha uma pousada aberta e iniciando o serviço, melhor assim, quanto mais cedo sairmos, mais cedo chegaremos.
Ainda tem muita gente acordada, virados ainda da balada. Vamos até a praia pra começar a pedalada e também vemos muitos corpos espalhados, largados pela areia. Não posso negar uma certa invejinha de ter ido dormir antes do que queria e ter que levantar tão cedo.
Me despeço de Marujá com uma promessa, I'll be back.
Seguimos pedalando em direção à Vila de Ararapira, outra extremidade da Ilha do Cardoso. Conforme nos informaram, serão 16km pela praia. E que praia.



Aqui também é Lagamar. A faixa de areia consegue ser maior que a de Ilha Comprida. O visual é um assombro, a areia é clara e a água cristalina. Coisa mais linda de se ver. Praia completamente deserta.
Em certos trechos a faixa de areia deve alcançar seus 100 mts de largura.
Aqui eu fecho meus olhos e assim pedalo por minutos sem abrí-los. Testo outros sentidos.
Percebo o vento por onde ele toca o corpo, o som do mar quando as ondas quebram, o cheiro da maresia. O Rica vai me guiando quando eu saio da linha reta. Show.

Rapidinho chegamos na Vila de Ararapira, dá pra ver a Ilha de Superagui logo à frente, não tem 300 mts, mas precisamos de um barquinho pra nos atravessar.
Já na Ilha de Superagui, agora estado do Paraná, nos informamos mais uma vez sobre as distâncias e a situação do local. Isso é super importante porque precisamos nos previnir de água e ter certeza de que o caminho escolhido é o melhor.
Serão 35Km pela Ilha até a comunidade de Superagui, onde teremos infra de pousada e lugares pra comer.

Os primeiros 5km de pedal, foram, eu diria, bem divertidos. A faixa de areia é estreia, toda costelada, com muitas raizes e galhos. Também tivemos que atravessar dois riachos de águas bem vermelhas que desembocam na praia, ainda bem que estavam baixos, na maior profundidade um deles chegou a 1 metro. (é importante se informar da situação nestes dois rios porque as vezes eles estão bem cheios, depende da maré e das chuvas...).

Também, ainda no início da Reserva, tem um trecho de aprox. 2km que não tem faixa de areia pra se pedalar, então é preciso pegar uma trilha por dentro da mata.
Passando isso, só alegria. Voltamos ao visual lagamar. Só que agora acompanhados de Gaivotas. (na verdade não se se o pássaro era esse mesmo, mas enfim ...) Uma quantidade muito grande. Fizemos várias fotos e vídeos cinematográficos. Mais uma vez a praia é nossa. To me sentindo numa expedição à lugares nunca antes explorados, a natureza aqui foi muito generosa.
Chegamos na Vila de Superagui pouco antes do meio dia.
O humor do Rica tá péssimo hoje, chega a ser engraçado.
Ele precisa de cama e colchão urgente.
Achar uma pousadinha aqui na vila foi um alívio. Lindinha por sinal e com muita gente simpática. Ainda chamamos muito a atenção das pessoas. Eu já tô me achando "a" ciclista. Três dias pedalando direto, até achei que minha performance foi melhorando ao passar dos dias, contrariando minhas neuras de que meu rendimento cairia.
Limpos e alimentados o jeito foi dormir pra recuperar o sono do dia anterior.
Aliás, esse é um toque essêncial, importantíssimo lavar e lubrificar a bike no final de cada dia quando se faz um pedal por praia. O kit de lubrificação nos acompanha desde o início da viagem.
A noite na Vila de Superagui é típica de pequenas comunidades turísticas. O forró aqui domina.

Encontramos um lugarzinho exótico. Não acreditei nesse lugar. A simplicidade é tão grande, a decoração tão rústica, o povo local tão caricato ... isso só pode ser brincadeira, se a globo montasse uma cidade cenográfica com personagens não seria tão perfeito, eu juro. Aqui tudo é muito puro, muito natural, é onde reside o charme e a beleza de Superagui.
Descansado e depois de tomar umas cervas o humor do Rica melhora muito, já dá pra gente fazer contato ... rsrs, durante minutos ele fica quieto, está certamente pensando no roteiro do dia seguinte. Enquanto isso eu escrevo. Desde o primeiro dia em Iguape decidi que vou contar essa história na medida exata do detalhe. E em qualquer parada eu procuro um pedaço de papel ou guardanapo pra relatar o dia e seus momentos mais marcantes.

19/02/2007 (Segunda-Feira)

Acordo depois de uma reparadora noite de sono, olho pela janela e me deparo com um mau tempo du ca.... Um breve suspiro de lamento e já realizo que não vai ser dessa vez que eu vou conhecer a Ilha do Mel. O Rica já tinha sinalizado no dia anterior que com chuva seguiríamos direto para Paranaguá.
Delicioso café da manhã caseiro. Aqueles que agente toma na cozinha da casa caiçara, hum dá uma saudadinha ...
Os barcos pra Paranaguá não tem frequência certa, então é necessário estar bem informado dos horários e dos barcos que vão sair. A travessia direto pra Paranaguá é meio complicada. Ela pode ser feita tanto por dentro da Ilha, como por fora em mar aberto. Por fora é bem mais perto aprox. 2:30 ou 3Hrs de travessia, mas se o mar estiver muito ruim os barcos saem pelo lado de dentro bem mais distânte e ai pode-se demorar até 6 Hrs. Ainda bem que, mesmo batendo muito, conseguimos ir pelo lado de fora e nossa travessia até Paranaguá demora 2:40mins.
Somos acompanhados o tempo todo pelos botos e pelo visual da Ilha do Mel, bem na nossa frente.
Acho que as bikes andaram mais de barco do que pneu no chão mesmo. Affeee.
Depois de respirar muito óleo diesel, descemos em Paranaguá. Até que pra uma cidade portuária, ela é bem bonitinha, mas o cheiro do óleo diesel ainda me acompanha.
Parada para nos vestirmos de ciclistas, caramanholas abastecidas, nossa direção agora é a cidade de Morretes. Estou super anciosa pra conhecer, todos falam muito bem.
Aqui em Paranaguá já tem trêm que vai pra Curitiba também, mas queremos pedalar até Morretes e de lá pegar o trêm pra Curitiba.
Daqui de Paranaguá serão 36km até Morretes, sendo 24km pela rodovia principal e 12km por uma viscinal, uma estradinha linda, um visual maravilhoso que deu o charme especial no pedal.
Esse trecho pela rodovia tem algumas subidas e descidas, mas tudo muito tranquilo. É preciso tomar cuidado porque não tem acostamento na estradinha, mas também o fluxo de veículos é bem pequeno.
Logo na entrada da cidade encontramos a pousadinha que nos indicaram, e por lá mesmo já ficamos. São 3 horas da tarde e dá tempo suficiente de tomar um banho e almoçar o famoso Barreado.
Eu fiquei deslumbrada com a cidade. Me sinto num vale europeu. Construções antigas conservadas, paisagismo natural, um rio que corta a cidade várias vezes, calçamento de pedra, cidade toda planinha, ótimos restaurantes, vários, agente se confunde com tantas opções. Ahh, e tem lojinhas, muitas lojinhas .....
Morretes é imperdível. Tem que se conhecer um dia.
A primeira baixa da viagem aconteceu aqui, logo depois do almoço. Meu pneu furado, e na hora de trocar a bomba do Rica ainda quebra, affeee, ainda bem que estamos na cidade e aqui tem posto de gasolina, queria ver se fosse no meio do Lagamar. Lição aprendida, nunca viaje com uma bomba só. Sob o sol direto por muito tempo os plásticos ressecam.
Agora acabou o pedal, a bike é só pra nos locomovermos pela cidade. No dia seguinte iremos pegar o trêm turísco para Curitiba, que é o final de nossa viagem.
Sinal que podemos comer e beber à vontade e desfrutar do monte de coisa boa que tem aqui na cidade, that's wonderfull!

O trem sobe pra Curitiba somente uma vez no dia, então é importante conferir os horários que são diferentes nos fins de semana e feriados, o site é www.serraverdeexpress.com.br/ .

19/02/2007 (Terça-Feira de Carnaval)

Hoje estamos de boa. Só fazendo compras e preocupadíssimos em decidir onde iremos almoçar. São várias opções e todas muito boas.
O trêm parte pra Curibita as 15:00 Hrs. e a viagem toda demora cerca de 3 horas.
Estou anciosa pra ver como é isso, acho que a última vez que andei de trêm eu deveria ter uns 15 anos.
Meia hora antes chegamos na estação, embarcamos as bikes num vagão próprio pra elas. Interessante, isso deve ser comum por aqui.

A subida da serra é muito linda, uma pena que o dia está muito nublado e não será possível apreciarmos o melhor do passeio que é o visual, os grandes desfiladeiros sob esta construção de 1900 e qualquer coisa ...

Chegamos em Curitiba as 18:00 hrs, poderíamos dormir aqui e no dia seguinte pedalar pela cidade, visitar o Jardim Botânico, o Museu do Ouro e a Ópera de Arame, que são os pontos turísticos mais famosos da cidade, mas chove muito e minha roupa limpa também já acabou ...rsrs

A ferroviária, fica ao lado da rodoviária, foi só comprar as passagens de volta pra São Paulo.
Bikes no bagageiro pela última vez. Chegando em SP ainda tem o táxi pra chegar em casa.
Pensando bem a logística é um tanto complexa, foi ônibus, vários barcos, voadora, trêm, ônibus de novo e carro ... só faltou mesmo avião... affeee

Por muito tempo estas cenas ainda irão ficar se repetindo na minha memória.
Uma sensação boa, prazerosa... até que venha a próxima aventura e estas cenas mudem, mas o sentimento de alegria sempre permace, esse não pode deixar de existir nunca!

Monica Magalhães
email: monica_maravilhosa@hotmail.com
Perfil Orkut : http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=2163907730293661782
Álbum de Fotos da Viagem: http://picasaweb.google.com.br/monica.dive/ViagemDeBikePeloLitoral

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Felicidade

A felicidade é algo assim sem motivo aparente...
Uma quietude branda, um estar bem consigo,
Uma alegria serena que domina a gente,
Esta ventura completa que hoje está comigo !

E por que não dizer que ela se repete,
Quando me envolvo vibrante em um poema,
Quando a paz me edifica um novo esquema
No engenho de amor que a vida reflete ?

Felicidade é assim e não se explica,
Não se sabe quando chega e porque começa,
Não depende de algo que na gente fica
Não decorre de nada que se peça !

Felicidade é o lugar que procuro
Fora do tempo e do espaço,
Nada que dependa de outrem
Mas só daquilo que faço!