terça-feira, 30 de maio de 2006

Desafio

Te desafio! Já viu semelhança maior?

Não posso apenas te usar como caminho.
É disperdício vê-lo somente como diversão.
Tu possui mistérios que repetidamente me atraem.
Meus olhos navegam horas por tua imagem,
estou sempre procurando em tí minhas respostas,
mergulho profundamente tentando encontrá-las.

Se estou em tí, somos um só.
Mas porque me deixas tão livre para partir?
Aproveito o momento de imersão,
preciso usá-lo pra reflexão,
faz emergir de mim este nirvana,
sutilmente me mostra quem és,
o quão infinina é tua grandeza,
tão inalcançavel é esse chão.
Tanto medo e tanta vontade de me perder nessa imensidão.

Agora molha meu corpo com tuas mãos,
vou me entregar bem devagarinho, ou,
permito que me leve com sua onda sem direção.
Não há um instânte se quer que seja o mesmo, embora pareça.

Quanta certeza eu tenho,
que tua solidão é o meu encanto,
nasce aqui tua poesia neste momento de calmaria.

Me deixe agora declarar este meu amor,
antes que chegue a tempestade,
e num impeto de sobenaria,
e tu me abandones de verdade.

Ser racional

A racionalidade é apenas um detalhe que ressalta à minha personalidade.
Poderia falar aqui de tantos outros. Mas hoje vou defender esta minha caracteristica tão marcante como dizem alguns amigos.
Não é difícil identificar uma pessoa racional.Na verdade somos pessoas muito fáceis de lidar.
Não necessitamos de muita atenção, bajulação então nem pensar. Se quiser agradar um racional elogie a sua decisão, opção ou atitude.
Os racionais são objetivos, sinceros, perfeccionistas, irritantes, e quanto mais inteligentes mais insuportáveis.
Dizem que não somos sensíveis, o que eu discordo, temos sensibilidade sim para identificar pessoas chatas, as de reflexo lento, as insuportáveis que falam com excesso de detalhes, e a principal sensibilidade temos medo, muito medo de crianças.
Não é que odiamos as criancinhas, de forma alguma. Acontece que nossa impaciência é contro-versa a natureza infantil.
Podemos sim ser os grandes educadores, orientadores, provedores de todas as necessidades de sobrevivência, mas não existe a menor possibilidade de entrarmos em seu mundo imaginário.
Esta é outra grande caracteristica do racional: a impaciência.
Para nós detalhe não existe. Não é necessário. O detalhe é redundante. É superfúlo. Ele definitivamente não muda o objetivo final.
Não temos a necessidade de imaginar, indagar, devagar, inspirar, abduzir ou ser abduzido.
Somos pessoas extremamente simples para interagir.
Nosso leque de opções se resume a: sim ou não, direita ou esquerda, frente ou atraz, acima ou abaixo, pare ou continue.
Nos irritamos facilment com letras chulas de músicas, crônicas, artigos ou declarações relevantes, sem falar de contos medíocres que tentam passar mensagens éticas em histórias infântis.
Em resumo, nos irritamos com o fútil e com o inútil.
Pessoas muito racionais, são mau humoradas e geralmente irônicas, que nos torna pessoas interessantes e populares.
Preciso agora esclarecer que tenho sim uma sensibilidade leve, muito leve, sutil, quase inexistente, de escrever sobre essa minha característica e declaro que escrevo apenas por protesto, sem maiores aspirações.
Apenas para que vocês amigos, compreendam que existe uma delicadeza em mim sim, meio matemática, mas existe.

sexta-feira, 5 de maio de 2006

Inveja tem lado?

Dos pecados humanos a inveja é certamente o pior.
Nada é mais corrosivo, nada cria mais intriga, ela é capaz de abalar amizades antigas, provocar brigas homéricas.
Toda nocividade tem uma face de bondade, a inveja também. Nenhum outro pecado é tão proveitoso ao engrandecimento humano.
Ela é capaz de despertar talentos, acirrar competições, aprimorar a arte e a ciência.
É a inveja que gera as maledicências, mas é ela também que induz, no orgulho ferido, o impulso de melhorar e superar os outros.
Certo mesmo é que onde há talento, há vaidade. E onde há vaidade, há inveja.
Se a inveja é o objeto do desejo, todo desejo não seria uma forma de inveja?

Ser romantica

Sou uma mulher romântica, que não acredita no amor.
Não me julguem, nem me queimem na falta de bruxas.
Acredito no meu amor verdadeiro, mas a verdade é a minha, não acredito é no amor filosófico.
O filosófico é publico, pré definido, padronizado. É aquele pra vida toda, único, completo e platônico.
Acredito no amor como uma fé, crio minhas verdades e busco por elas.
Enquanto houver vida em mim, existirá a busca pelo meu amor verdadeiro.
Infinita busca que me causa tanto tormento. E com fé caminho, procuro, encontro e me perco
E me amando... ame sem exigir, especialmente o descabível.


Quando a verdade é sua, não existe o sofrimento do amor platônico

É preciso saber identificar o grande amor. Na verdade ele não deixa dúvidas, se revela de forma tão clara.
Mas pode acontecer que pequenas paixões ludibriem o espírito.
O grande amor é único. Quando o encontramos, não há mais espaços para paixões passageiras em nossos corações.
Ele preenche todo o ser, que a partir de então não conhecerá mais o tormento.
Há aqueles que têm uma pedra no peito e, como diz a canção, chegam a mudar de calçada quando aparece uma flor.
Há também os que se conformam com uma mera paixão, e vão levando, às vezes acreditando, às vezes não, assim como diz outra canção: “o nosso amor agente inventa / pra se distrair / e quando acaba agente pensa / que ele nunca existiu”.

Esses infelizes constituem a maioria da humanidade. Faltam a eles paciência e disposição para procurar. Faltam, sobretudo, a fé e o saber filosófico. Por sorte, isso não faltou a mim, e foi desse modo que, após algumas frustrações, encontrei o grande amor.

Como já disse, a minha primeira ilusão foi quando aos oito anos me apaixonei por uma garota de quatorze. Passei anos sonhando com ela, o que prejudicou sobremaneira a minha vida afetiva. Todo verão esperava encontrá-la de novo na praia, o que nunca aconteceu, e para piorar eu nem mesmo sabia o seu nome e a cidade em que ela morava.

Caí em mim aos quinze, quando aprendi a verdade filosófica. Foi um alívio, me despi desse amor platônico, e assumi uma atitude aristotélica. Era tudo uma questão de lógica. Não tardou para eu me apaixonar de novo, outra ilusão, mas que deve ser descontada aos espíritos adolescentes. Essas paixões juvenis não são inúteis, servem como um preâmbulo, e educam a alma e a carne. O importante é não deixar a paixão dominar a razão.

Essa ilusão durou alguns anos, não sei quantos beijos, não sei quantas juras de amor, sonhos de casamento, depois alguns desentendimentos, e por fim o desenlace. Ainda tive um outro desengano, quando me apaixonei por um retrato. Confesso que foi uma regressão platônica, mas era um rosto perfeito, lindo e cândido, e eu jurei que iria encontrar a modelo daquela foto. Isso também passou.

Vivo enfim o grande amor. É uma estrela que, todas as noites, brilha na janela do meu quarto. Passo a madrugada em sua companhia. Amamos, sonhamos e dormimos. Pela manhã, estou um trapo, mas contente. O dia traz a labuta e o cansaço, mas me consolo sabendo que à noite a estrela brilhará, enquanto houver o firmamento, e enquanto a minha alma existir.

Materialize

Se ler meu texto sentirá nele o meu perfume, identificado já no título.
Perceberá que ele demorou muito tempo pra ficar pronto, e que ainda não está.
Verá que escrevo linhas bem definidas, mas poesia completa minhas frases.
Meu texto tem um silêncio gostoso de se ouvir e pronto para ser quebrado.
Tem natureza própria, me dá orgulho.
Fico lendo, boba, descobrindo um monte de coisas que já sabia e que só precisava juntar.
Pra fazer carinho no meu texto basta fechar seus olhos ao ler, e ele se sentirá acarinhado.
Meu texto lhe intriga. Me faz sorrir ou chorar. Nos faz pensar quem somos, mas não escreve a resposta.
Leia de manhã, à tarde ou à noite...
Ele está sempre aqui na sua solidão, lhe bate à porta, pede para entrar, mesmo já estando do lado de dentro.

quarta-feira, 3 de maio de 2006

A você que

A você que, com pele ardente e olhos brilhantes, ensinou-me a ser doce e a encantar.
Em seus braços provou-me que, para crescer o amor não precisa de espaço.
Expressa palavras que soam como música e terminam na mais ingênua gargalhada.
Me fez experimentar o gosto de exercer o amor, ver sua amplitude.
Minha vivência será o seu aprendizado, assim como um diamante a ser, com zelo e delicadeza, lapidado.
Minha dedicação lhe será a certeza de que nunca estará sozinho.
Não bata asas. Não se iluda com a altitude; pois é com o pé no chão que vemos a verdadeira direção da liberdade.
Desista da idéia de voar pra longe de mim, já que o ar não deixa pegadas, nem pistas, e eu não poderei te encontrar.

terça-feira, 2 de maio de 2006

10 anos se passaram

Dias, meses e anos são certamente a medida do tempo, mas quanto é muito tempo e porque o contamos?
Não vejo o tempo apenas pra me lembrar do passado, ele é pra mim a medida do seu horizonte.
Aprendi que o tempo devora certezas, materialidades, expressões, relações, quebra paradigmas, anuncia rupturas e causa esquecimento.
O tempo explica diferenças na paralela de pessoas que começaram no mesmo ponto, onde Y era igual a 0 e onde X também era 0.
Tranformar anos em segundos é minha forma de aumentar momentos de felicidade, eu diluo o tempo, da forma que me convém.
Os segundos, apesar de infindos não se repetem, renovam-se.
Em apenas um segundo, quanta coisa pode acontecer, fico ou saio, ganho ou perco, sorriu ou choro ?
O tempo mata todas as minhas certezas, faz com que acredite cada vez menos em mim mesma.
Hoje vejo que estamos um do outro a curtos passos, podemos irromper, de repente, tão-somente, em um segundo, modificando as trajetórias, a desenharem novos rumos, inusitadas histórias, que oferecem o céu ou que tiram o chão.
Os segundos ainda que breves, fugazes, são capazes de plantar a dor ou de colher a felicidade.
A vida neles acontece, a morte também. Neles ocorre o princípio, acontece o final.
Em apenas um segundo pode nascer uma idéia ou morrer um ideal.
Os segundos perpetuam-se através da saudade, dos bons e não tão bons momentos. Eles apenas existem.