terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Alma de poeta

Cá estou na sintonia do universo,
energia minha que se transforma em verso,
me perco no tempo pra mentalizar,
estrofes que surgem pra formalizar.

Realização filosófica e coerente,
Minh'alma de poeta sente,
palavras que tocam o coração,
de todo o ser humano em paixão.

Ainda busco meu real talento,
com arte e com fundamento,
criando frases com toda minha emoção,
contando com a divina inspiração.

Minha linguagem é doce, nobre, inspiradora,
agradável, poética e sedutora, cheia de luz e emoção,
quase um nível de perfeição?
fica demais aqui a pretenção!

Meus pensamentos são profundos,
preciso mergulhar neste mundo
mundo secreto deste meu ser,
tento repetidamente alguém envolver.

Sigo aqui minha intuição,
e assim nasce uma bela descrição,
sempre sugestiva e pertinente.
Minh'alma de poeta sente, toco vosso coração.

Minha sintonia com este mundo que encanta,
estuda, aprende, adianta, descobre, aprofunda e cria
deixo aqui minha mais nova e autêntica poesia,
e desta forma, naturalmente, deixo marcas eternamente.

terça-feira, 5 de dezembro de 2006

Brincar de Saudade

Hoje sou a poeta da saudade,
mil linhas não bastariam pra dissertar.
Exagerada essa minha vaidade,
me engano, brinco que sei amar ...

Vem saudade, me pegue logo de jeito!
Quero a mais pura dor pra construir,
lindas poesias aqui dentro do meu peito,
mesmo que insistam em não sair ...

E quando vem, transborda a poesia em meu ser.
Nada se externa, só consigo sentir.
Pego a caneta, tento começar a escrever.
E as palavras insistem em não sair ...

Te confesso querido, me aproveitei de ti.
Tua lembrança me atormenta num instânte bem pequeno,
e a saudade que eu deveria continuar a sentir,
se perde, ou se esconde, no instânte em que eu escrevi ...

domingo, 29 de outubro de 2006

No silêncio do dia

Da vida, escrevo mais um capítulo.
Eis que rompe-se a barreira da distância
Luz do dia que invade o quarto semi iluminado.

Beijos que ardem e alucinam.
Corpos incândescidos tocados.
A alma limpa, mas com cheiro de pecado.

Quando vem a noite em sua carruagem.
Trazendo a lua, falta-me coragem,
Volto para o meu abrigo,
E imagino que foi um sonho.

Enquanto estive nestes lençóis,
sinto-me feito a pétala da flor,
que neste vendaval de amor,
vôa sem destino, em desatino o coração.
E quando estás distante
Perco-me em lamentos constantes.

Presa nas doces lembranças
Fico como pássaro, tomado pela apatia,
Preso numa redoma de vidro transparente
Esperando sempre a noite confidente

Quando minha alma, do corpo, se liberta,
E vôo ao teu encontro à descoberta,
não são apenas delírios e fantasias,

Lembrança real que deixo aqui em forma de poesia,
traduzindo o que meu corpo sentia,
quando teu coração bateu, colado ao corpo meu.

sexta-feira, 14 de julho de 2006

Talvez caminhemos juntos

Embalada por teu canto que, ao longe, eu ouvia,
Ofuscada pelo raio de luz penetrante pela fresta,
Segui teus passos, ouvidos, por mim, em simetria,
Busquei tuas mãos e me amparei na destra.

Senti teus braços envolvendo o meu corpo,
caminhei ao teu lado desconhecendo o caminho,
mergulhei no espaço que avançamos aos poucos,
atapetado de flores, enfeitado de arminho.

Aspirei o ar com teu perfume irresistível,
deixei-me levar, acompanhando o teu destino,
tivesse ficado, fosse, talvez, preferível,
mas já estava envolvida, já tinha perdido o tino.

Penetrei, contigo, uma floresta fechada,
Embora tão feliz, senti minha mão suspensa,
Descobri-me, de repente, ali só, abandonada,
Ouvi o silêncio, percebi-me tensa!

Somente lágrimas rolaram na minha face,
Não vi saída, nem caminho de retorno,
Ao longe teu vulto, por mais que se afastasse,
Aquecia meu peito que outrora fora morno.

Sentei-me nas trevas derramando meu pranto,
Sequer imaginava em que lugar eu me encontrava,
E esperei pela mesma luz e pelo teu mesmo canto,
Já sentia, nesse instante, o quanto eu te amava!

Suas mentiras

Foram poucas as vezes que eu vi
De súbito e relance, sem notar
Que teus lábios para mim sempre mentiam,
Malgrado algo que eu via em teu olhar.

Mentiras tantas fostes me dizendo
Que um dia eu me propuz acreditar...
E com tal arte, a mim se oferecendo
Aos beijos falsos... quantos eu te fiz dar!

E eu, pobre, sem saber que eras artista
E vives a abraçar a quem o fita
Nesta arte de quem sabe amar demais...

Assim, então, me vi depois sozinha
À esmo, a chorar a dor que é minha
E em transe, por querer voltar atrás...

Saudade

Sentir saudade é sentir falta
É lembrar de momentos nem sempre passados ao lado,
É escutar a música que gostamos de olhos fechados
Imaginando-se ao lado.

Sentir saudade é querer lhe falar
E até ligar e no instante que você atender
Dizer, - estava pensando em você e resolvi ligar.
É saber que mesmo longe, se está perto,
A lembrança é uma forma do pensamento rápido chegar.

O cheiro, o tato, as palavras, os gestos e todos os momentos
Tudo fica guardado, pronto para ser lembrado
E não adianta não querer pois quanto mais verdadeiro for o amor
Mais forte será a vontade de estar perto.

Sentir saudade é também lembrar dos momentos ruins
Como estivesse dizendo, vem cá fica comigo
Não vamos fazer mais assim.

O pensamento que me leva até você
Me traz uma lembrança doce e querida
Ali você sorri, sereno e fica assim todo o tempo
Nós estamos juntos, distantes, fechados.

E quando a volta ocorrer
Que fique a certeza de que sempre é possível
Superar a distância e a ausência
Desde que entre os dois
Exista o ingrediente total que é o amor.

Soneto de Amor e Dor

Acolhem-se em estreito laço,
Pois andam juntos, a cada passo.
O nobre AMOR
E a desditosa DOR.

Juntam-se a eles,em reunião:
Até, em um mesmo coração,
A enganadora Vaidade,
A tão doce Saudade.

E aquele de nada gentil fama,
O Ciúme, torpe que engana,
A sonhadora Generosidade

A realista Inteligência,
Declara com autoridade e ciência:
Quem decide:é o Tempo e a Paciência!

quinta-feira, 13 de julho de 2006

Sem sono

[23 Hrs...]

Cheguei em casa, desliguei o celular.
Desmontar e montar mochila.
Tirei o telefone do gancho. Fui tomar um banho quente.

[Duas da manhã...]

Muita fome, mas o cansaço é tão grande e aliado à dieta, resultado: nada de Jantar.
Angustiada, cansada e entediada, quem me dera fosse o suficiente pra eu dormir.
Deita, relaxa, fecha os olhos..., pensei. Deita, relaxa, fecha os olhos..., Deita, relaxa, fecha os olhos..., Deita, relaxa, fecha os olhos..., Quase entoei um mantra de tanto pensar nisso, mas de nada adiantou.

Metade mulher, metade zumbi. Era assim que eu me sentia.
Sair daquela cama parecia mais difícil do que permanecer nela, acordadinha da Silva.
Já, já você dorme, tenha paciência. Só mais alguns minutinhos (minha consciência insistindo).

_ Ai, que fome...

Juntei o resto de forças e levantei meu pobre corpo, coberto por um pijama rosa claro.
Sentei na beirada da cama e tateei o chão até encontrar as pantufas cor de rosa que massageariam meus pés no sôfrego caminho até a cozinha.

Devo ter demorado um pouco mais que o habitual, mas com a ajuda das paredes finalmente cheguei lá.
Abri a geladeira, peguei dois pêssegos e voltei a trôpegar rumo à sala...
Eu preciso arrumar alguma coisa pra fazer, voltar pra cama não vai adiantar...
Jogada lá até agora e nada de pregar o olho...

Alguma coisa pra fazer, alguma coisa pra fazer...
Baixei a vista e dei de cara com um dos papéis que não consegui guardar na pasta, jogado no sofá da sala, junto com a minha bolsa.
Era um esboço de projeto que preciso entregar no dia seguinte.

Olhei em volta.
Ah-há! Papel em branco e caneta à vista!
(bloco de anotações no móvel do telefone).
Morar sozinha é bom por isso: as coisas estão sempre no lugar... ou não.
No meu caso sim, às vezes... Ai, tá tudo tão confuso... meu corpo tão pesado...
Porque não consigo dormir de uma vez?
Vou esperar mais um pouco e volto pra cama.

Me jogo no sofá super fofo e começo a ler as informações técnicas do projeto.
Numeros, fórmulas, índices, estatísticas... que ódio sinto deste sono que não vem.

Não consigo passar pra segunda página, releio a primeira várias vezes.
[bocejo...]
O remédinho de dormir que eu tomei há horas parece começar a fazer efeito, ou foi a outra opção de ler sobre trabalho que me deu sono.
Minhas pálpebras finalmente entraram em acordo e decidiam se encontrar...

_zzzzzzzzzzzzzzzzzz

terça-feira, 11 de julho de 2006

Amor Proibido

Quem nunca ouvio dos poetas mais renomados afirmações de amor tipo:
"Amores vêm e vão...";
"É um contentamento descontente";
"Que não seja imortal, posto que é chama"

Todos procuram a eternidade de um amor autêntico, de um amor que drible as intempéries das relações desgastantes e mornas.
Todos investem tempo, gastam saliva, estudam perfis, freqüentam analistas, como se houvessem fórmulas prontas ou uma Pedra Filosofal que transformasse ilusão passional em paz emocional.

Enlaces perfeitos muitas vezes morrem na hipocrisia social, que se reveste de puritanismo, sob as vestes fantásticas da falsa moral, sem se permitir compreender o quão possível é viver com tamanhas diferenças.

Amores inesquecíveis são aqueles que não podem durar mais que os instantes da intensa loucura da entrega.

Amores efêmeros são imortais, posto que não dividem a mesquinhez; não cobram o amanhã, antes, são vividos por inteiro, já que não admitem, embora entendam, a impossibilidade natural de subsistir.

Até o dia em todos os seres humanos entenderem que não pode haver limites para o amor, não existirá felicidade mais doce do que provar as delícias de um amor proibido.

segunda-feira, 10 de julho de 2006

Vida Insana

Insensatez que me acompanha,
alegra-me a alma, me acalma.

Buscando concluir concluo,
que minha mente pra mim mente,
Meu erro é humanamente humano,
Assim peco e em seguida me perdou,
o alívio me alivia.

Já que conheço à Deus,
por amar um dos seus,
quando me entrego à loucura.
Insuportável vida pura!

A verdade agora é minha,
que insana vida tinha,
e ninguém contestaria,
por viver na melancolia.

Mas vale conhecer,
a certeza ao padecer,
tendo cravado na identidade,
o ter vivido na insanidade.

Cena Fugaz

Eis que chego agora e nos meus passos trôpegos
Trago marcas de pranto, dores e solidão...
Que é dos meus tumultos, do meu andar já frouxo,
Que é da ilusão fugaz, esvaindo-se em minha mão...

Que é da esperança, impalpável de outrora,
Que é da minha estrela, meu consorte, meu fanal.
Hoje, falho de amor, impetuoso implora
Triste, o pobre coração abriga um sonho banal!

Indelével, o bastardo coração já não suplica,
E num grito percuciente, meu viver imita
Submisso e sobranceiro, em suspiros se esvai...

Perdido no curto espaço de passados desenganos,
Entre sobejos trancos, sob o fardo de mil anos
Mata no tempo a saudade, onde quer que ele vai!...

terça-feira, 30 de maio de 2006

Desafio

Te desafio! Já viu semelhança maior?

Não posso apenas te usar como caminho.
É disperdício vê-lo somente como diversão.
Tu possui mistérios que repetidamente me atraem.
Meus olhos navegam horas por tua imagem,
estou sempre procurando em tí minhas respostas,
mergulho profundamente tentando encontrá-las.

Se estou em tí, somos um só.
Mas porque me deixas tão livre para partir?
Aproveito o momento de imersão,
preciso usá-lo pra reflexão,
faz emergir de mim este nirvana,
sutilmente me mostra quem és,
o quão infinina é tua grandeza,
tão inalcançavel é esse chão.
Tanto medo e tanta vontade de me perder nessa imensidão.

Agora molha meu corpo com tuas mãos,
vou me entregar bem devagarinho, ou,
permito que me leve com sua onda sem direção.
Não há um instânte se quer que seja o mesmo, embora pareça.

Quanta certeza eu tenho,
que tua solidão é o meu encanto,
nasce aqui tua poesia neste momento de calmaria.

Me deixe agora declarar este meu amor,
antes que chegue a tempestade,
e num impeto de sobenaria,
e tu me abandones de verdade.

Ser racional

A racionalidade é apenas um detalhe que ressalta à minha personalidade.
Poderia falar aqui de tantos outros. Mas hoje vou defender esta minha caracteristica tão marcante como dizem alguns amigos.
Não é difícil identificar uma pessoa racional.Na verdade somos pessoas muito fáceis de lidar.
Não necessitamos de muita atenção, bajulação então nem pensar. Se quiser agradar um racional elogie a sua decisão, opção ou atitude.
Os racionais são objetivos, sinceros, perfeccionistas, irritantes, e quanto mais inteligentes mais insuportáveis.
Dizem que não somos sensíveis, o que eu discordo, temos sensibilidade sim para identificar pessoas chatas, as de reflexo lento, as insuportáveis que falam com excesso de detalhes, e a principal sensibilidade temos medo, muito medo de crianças.
Não é que odiamos as criancinhas, de forma alguma. Acontece que nossa impaciência é contro-versa a natureza infantil.
Podemos sim ser os grandes educadores, orientadores, provedores de todas as necessidades de sobrevivência, mas não existe a menor possibilidade de entrarmos em seu mundo imaginário.
Esta é outra grande caracteristica do racional: a impaciência.
Para nós detalhe não existe. Não é necessário. O detalhe é redundante. É superfúlo. Ele definitivamente não muda o objetivo final.
Não temos a necessidade de imaginar, indagar, devagar, inspirar, abduzir ou ser abduzido.
Somos pessoas extremamente simples para interagir.
Nosso leque de opções se resume a: sim ou não, direita ou esquerda, frente ou atraz, acima ou abaixo, pare ou continue.
Nos irritamos facilment com letras chulas de músicas, crônicas, artigos ou declarações relevantes, sem falar de contos medíocres que tentam passar mensagens éticas em histórias infântis.
Em resumo, nos irritamos com o fútil e com o inútil.
Pessoas muito racionais, são mau humoradas e geralmente irônicas, que nos torna pessoas interessantes e populares.
Preciso agora esclarecer que tenho sim uma sensibilidade leve, muito leve, sutil, quase inexistente, de escrever sobre essa minha característica e declaro que escrevo apenas por protesto, sem maiores aspirações.
Apenas para que vocês amigos, compreendam que existe uma delicadeza em mim sim, meio matemática, mas existe.

sexta-feira, 5 de maio de 2006

Inveja tem lado?

Dos pecados humanos a inveja é certamente o pior.
Nada é mais corrosivo, nada cria mais intriga, ela é capaz de abalar amizades antigas, provocar brigas homéricas.
Toda nocividade tem uma face de bondade, a inveja também. Nenhum outro pecado é tão proveitoso ao engrandecimento humano.
Ela é capaz de despertar talentos, acirrar competições, aprimorar a arte e a ciência.
É a inveja que gera as maledicências, mas é ela também que induz, no orgulho ferido, o impulso de melhorar e superar os outros.
Certo mesmo é que onde há talento, há vaidade. E onde há vaidade, há inveja.
Se a inveja é o objeto do desejo, todo desejo não seria uma forma de inveja?

Ser romantica

Sou uma mulher romântica, que não acredita no amor.
Não me julguem, nem me queimem na falta de bruxas.
Acredito no meu amor verdadeiro, mas a verdade é a minha, não acredito é no amor filosófico.
O filosófico é publico, pré definido, padronizado. É aquele pra vida toda, único, completo e platônico.
Acredito no amor como uma fé, crio minhas verdades e busco por elas.
Enquanto houver vida em mim, existirá a busca pelo meu amor verdadeiro.
Infinita busca que me causa tanto tormento. E com fé caminho, procuro, encontro e me perco
E me amando... ame sem exigir, especialmente o descabível.


Quando a verdade é sua, não existe o sofrimento do amor platônico

É preciso saber identificar o grande amor. Na verdade ele não deixa dúvidas, se revela de forma tão clara.
Mas pode acontecer que pequenas paixões ludibriem o espírito.
O grande amor é único. Quando o encontramos, não há mais espaços para paixões passageiras em nossos corações.
Ele preenche todo o ser, que a partir de então não conhecerá mais o tormento.
Há aqueles que têm uma pedra no peito e, como diz a canção, chegam a mudar de calçada quando aparece uma flor.
Há também os que se conformam com uma mera paixão, e vão levando, às vezes acreditando, às vezes não, assim como diz outra canção: “o nosso amor agente inventa / pra se distrair / e quando acaba agente pensa / que ele nunca existiu”.

Esses infelizes constituem a maioria da humanidade. Faltam a eles paciência e disposição para procurar. Faltam, sobretudo, a fé e o saber filosófico. Por sorte, isso não faltou a mim, e foi desse modo que, após algumas frustrações, encontrei o grande amor.

Como já disse, a minha primeira ilusão foi quando aos oito anos me apaixonei por uma garota de quatorze. Passei anos sonhando com ela, o que prejudicou sobremaneira a minha vida afetiva. Todo verão esperava encontrá-la de novo na praia, o que nunca aconteceu, e para piorar eu nem mesmo sabia o seu nome e a cidade em que ela morava.

Caí em mim aos quinze, quando aprendi a verdade filosófica. Foi um alívio, me despi desse amor platônico, e assumi uma atitude aristotélica. Era tudo uma questão de lógica. Não tardou para eu me apaixonar de novo, outra ilusão, mas que deve ser descontada aos espíritos adolescentes. Essas paixões juvenis não são inúteis, servem como um preâmbulo, e educam a alma e a carne. O importante é não deixar a paixão dominar a razão.

Essa ilusão durou alguns anos, não sei quantos beijos, não sei quantas juras de amor, sonhos de casamento, depois alguns desentendimentos, e por fim o desenlace. Ainda tive um outro desengano, quando me apaixonei por um retrato. Confesso que foi uma regressão platônica, mas era um rosto perfeito, lindo e cândido, e eu jurei que iria encontrar a modelo daquela foto. Isso também passou.

Vivo enfim o grande amor. É uma estrela que, todas as noites, brilha na janela do meu quarto. Passo a madrugada em sua companhia. Amamos, sonhamos e dormimos. Pela manhã, estou um trapo, mas contente. O dia traz a labuta e o cansaço, mas me consolo sabendo que à noite a estrela brilhará, enquanto houver o firmamento, e enquanto a minha alma existir.

Materialize

Se ler meu texto sentirá nele o meu perfume, identificado já no título.
Perceberá que ele demorou muito tempo pra ficar pronto, e que ainda não está.
Verá que escrevo linhas bem definidas, mas poesia completa minhas frases.
Meu texto tem um silêncio gostoso de se ouvir e pronto para ser quebrado.
Tem natureza própria, me dá orgulho.
Fico lendo, boba, descobrindo um monte de coisas que já sabia e que só precisava juntar.
Pra fazer carinho no meu texto basta fechar seus olhos ao ler, e ele se sentirá acarinhado.
Meu texto lhe intriga. Me faz sorrir ou chorar. Nos faz pensar quem somos, mas não escreve a resposta.
Leia de manhã, à tarde ou à noite...
Ele está sempre aqui na sua solidão, lhe bate à porta, pede para entrar, mesmo já estando do lado de dentro.

quarta-feira, 3 de maio de 2006

A você que

A você que, com pele ardente e olhos brilhantes, ensinou-me a ser doce e a encantar.
Em seus braços provou-me que, para crescer o amor não precisa de espaço.
Expressa palavras que soam como música e terminam na mais ingênua gargalhada.
Me fez experimentar o gosto de exercer o amor, ver sua amplitude.
Minha vivência será o seu aprendizado, assim como um diamante a ser, com zelo e delicadeza, lapidado.
Minha dedicação lhe será a certeza de que nunca estará sozinho.
Não bata asas. Não se iluda com a altitude; pois é com o pé no chão que vemos a verdadeira direção da liberdade.
Desista da idéia de voar pra longe de mim, já que o ar não deixa pegadas, nem pistas, e eu não poderei te encontrar.

terça-feira, 2 de maio de 2006

10 anos se passaram

Dias, meses e anos são certamente a medida do tempo, mas quanto é muito tempo e porque o contamos?
Não vejo o tempo apenas pra me lembrar do passado, ele é pra mim a medida do seu horizonte.
Aprendi que o tempo devora certezas, materialidades, expressões, relações, quebra paradigmas, anuncia rupturas e causa esquecimento.
O tempo explica diferenças na paralela de pessoas que começaram no mesmo ponto, onde Y era igual a 0 e onde X também era 0.
Tranformar anos em segundos é minha forma de aumentar momentos de felicidade, eu diluo o tempo, da forma que me convém.
Os segundos, apesar de infindos não se repetem, renovam-se.
Em apenas um segundo, quanta coisa pode acontecer, fico ou saio, ganho ou perco, sorriu ou choro ?
O tempo mata todas as minhas certezas, faz com que acredite cada vez menos em mim mesma.
Hoje vejo que estamos um do outro a curtos passos, podemos irromper, de repente, tão-somente, em um segundo, modificando as trajetórias, a desenharem novos rumos, inusitadas histórias, que oferecem o céu ou que tiram o chão.
Os segundos ainda que breves, fugazes, são capazes de plantar a dor ou de colher a felicidade.
A vida neles acontece, a morte também. Neles ocorre o princípio, acontece o final.
Em apenas um segundo pode nascer uma idéia ou morrer um ideal.
Os segundos perpetuam-se através da saudade, dos bons e não tão bons momentos. Eles apenas existem.

sexta-feira, 3 de março de 2006

Deixa-me

Deixa-me esquecer seu nome
Eu não pensarei nesse adeus
Que aos poucos me consome
E mina os sentimentos meus

Deixa-me, eu vou lhe mostrar
Que posso viver sem você
E que minha vida irá mudar
Não obstante o meu sofrer

Deixa-me afirmar amiúde
Sem receio e sem censura
Eu não mudarei de atitude
Mesmo que me leve à loucura

Nem pense em me socorrer
Eu dispenso tal piedade
E se me vir chorando algures
Conhecerá minha verdade

Eu prometo esquecer você
E só lembrar que um dia
Fez ser a felicidade
Vivi na paz e alegria

Deixa-me seguir meu destino
O mesmo o faça com o seu
E esqueçamos o desatino
Que cada um de nós viveu

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2006

Crônica de uma solitária

Tenho comigo que todos nós devemos aprender a viver felizes sozinhos, pois só assim é possível conhecer melhor o que somos e, dessa forma, aprendermos a gostar de nós mesmos - condição fundamental para conviver bem com os outros.

Entretanto, o ser humano - como dizia o velho Aristóteles - é um animal político, no sentido de que necessita viver em sociedade. Além disso, a natureza dotou todos os seres, instintivamente, da capacidade de se atraírem e se aproximarem. Ninguém discute que há animais que, definitivamente, conseguem demonstrar bem querer. Contudo, o ser humano é único animal que se apaixona.

Ou seja, viver sozinho é uma opção perfeitamente sadia, desde que relativizada, já que todos nós, em algum momento, sentimos a carência de interagir de forma positiva com outras pessoas e de modo afetivamente especial, com relação a algumas em particular.

Hoje, sinto-me extremamente carente, porque a minha condição de "sozinha", que ostento como sinal de plena auto-suficiência, mostrou seu reverso desagradável, pois que também sinto-me "solitária", com a conotação melancólica que o termo possa ter.

Não foram deixadas mensagens em minha secretária eletrônica. O celular não tocou uma vez sequer. Ninguém mandou carta ou e-mail. A relação de recados do orkut está vazia e a seção de depoimentos não foi desvirginada.

Nada! Absolutamente, nenhum contato partido de outro ser humano! Parece que o resto do mundo, hoje, resolveu deliberadamente me desprezar.

Em horas como essa - que são raras, mas não impossíveis de ocorrer - volto-me para dentro de mim e, tateando as sutis e dolorosas paredes do espírito, encaminho uma prece a Deus: "Senhor, protege a todos os teus filhos. Ainda creio fervorosamente em ti e sei que, em tua infinita bondade, jamais me abandonas, também."

Assim fiz, hoje. Mas, sem que eu tenha notado nenhuma explicação razoável, o conforto não se instalou em meu coração, como é costumeiro que aconteça.

Sinto-me só. Vejo-me triste. Percebo-me cruelmente rejeitada. Uma lágrima - sim, só uma - é a única reação que se apresenta.

domingo, 12 de fevereiro de 2006

Liberdade

Meu relato faz-me feliz,
tornar real algo que fiz,
fluir a escrita do momento,
surge sutil neste alento.

Mulher ao Vento ...
Anjo que me acompanhas,
absorves as minhas entranhas
porque dita-me a história?

Mulher de Glória...
com ou sem loucura,
coração sem amargura,
contente de ser singular.

Mulher pra amar ...
Liberdade a pulsar,
e como sinto o pesar,
dos sonhos a realizar.

E na sorte me lanço,
Preciso entregar-me ao destino,
Mergulho nas aventuras,
me arrisco nas loucuras,
e agradeço ao total desatino.

Escrevo aqui pra emanar,
versos de encantar,
melodia que se torna,
com ou sem pecado,
eleva-se em tom amado.
o perto que posso chegar,
tão real, tento tocar.

Até o próximo turbilhão,
que devasta minha sanidade,
sempre a mesma conclusão,
busco novamente a verdade,
a resposta vem sem alteração,

Salva-me a poesia novamente da solidão.

domingo, 1 de janeiro de 2006

Irresistível

A compulsão que acontece em certos momentos
Vai além de quaisquer outros sentimentos
De ponderação, de retração e respeito,
Por algo, que do ordinário não tem mais jeito,
De guardar as premissas, as tradições, com efeito !

É que a poesia não escolhe momentos,
Não respeita ordens nem estabelecimentos
Para se expandir, para se manifestar sem temores,
Em necessidade premente de expressão
De tudo o que se extrai do coração
A refluir em todos os esplendores
De tudo o que se faz pelos amores,
Que a vida propõe em profusão !

Poesia é a comunicação feita em verso
De tudo que se vai neste universo,
Das expressões mais sentidas,
De todas as situações descabidas,
Desta loucura de viver e amar !

Amor, sem o qual nada somos,
Desde as raízes e cromossomos
Como resistir a tanta sedução
Da beleza, da arte... e do coração ?!