sexta-feira, 5 de maio de 2006

Ser romantica

Sou uma mulher romântica, que não acredita no amor.
Não me julguem, nem me queimem na falta de bruxas.
Acredito no meu amor verdadeiro, mas a verdade é a minha, não acredito é no amor filosófico.
O filosófico é publico, pré definido, padronizado. É aquele pra vida toda, único, completo e platônico.
Acredito no amor como uma fé, crio minhas verdades e busco por elas.
Enquanto houver vida em mim, existirá a busca pelo meu amor verdadeiro.
Infinita busca que me causa tanto tormento. E com fé caminho, procuro, encontro e me perco
E me amando... ame sem exigir, especialmente o descabível.


Quando a verdade é sua, não existe o sofrimento do amor platônico

É preciso saber identificar o grande amor. Na verdade ele não deixa dúvidas, se revela de forma tão clara.
Mas pode acontecer que pequenas paixões ludibriem o espírito.
O grande amor é único. Quando o encontramos, não há mais espaços para paixões passageiras em nossos corações.
Ele preenche todo o ser, que a partir de então não conhecerá mais o tormento.
Há aqueles que têm uma pedra no peito e, como diz a canção, chegam a mudar de calçada quando aparece uma flor.
Há também os que se conformam com uma mera paixão, e vão levando, às vezes acreditando, às vezes não, assim como diz outra canção: “o nosso amor agente inventa / pra se distrair / e quando acaba agente pensa / que ele nunca existiu”.

Esses infelizes constituem a maioria da humanidade. Faltam a eles paciência e disposição para procurar. Faltam, sobretudo, a fé e o saber filosófico. Por sorte, isso não faltou a mim, e foi desse modo que, após algumas frustrações, encontrei o grande amor.

Como já disse, a minha primeira ilusão foi quando aos oito anos me apaixonei por uma garota de quatorze. Passei anos sonhando com ela, o que prejudicou sobremaneira a minha vida afetiva. Todo verão esperava encontrá-la de novo na praia, o que nunca aconteceu, e para piorar eu nem mesmo sabia o seu nome e a cidade em que ela morava.

Caí em mim aos quinze, quando aprendi a verdade filosófica. Foi um alívio, me despi desse amor platônico, e assumi uma atitude aristotélica. Era tudo uma questão de lógica. Não tardou para eu me apaixonar de novo, outra ilusão, mas que deve ser descontada aos espíritos adolescentes. Essas paixões juvenis não são inúteis, servem como um preâmbulo, e educam a alma e a carne. O importante é não deixar a paixão dominar a razão.

Essa ilusão durou alguns anos, não sei quantos beijos, não sei quantas juras de amor, sonhos de casamento, depois alguns desentendimentos, e por fim o desenlace. Ainda tive um outro desengano, quando me apaixonei por um retrato. Confesso que foi uma regressão platônica, mas era um rosto perfeito, lindo e cândido, e eu jurei que iria encontrar a modelo daquela foto. Isso também passou.

Vivo enfim o grande amor. É uma estrela que, todas as noites, brilha na janela do meu quarto. Passo a madrugada em sua companhia. Amamos, sonhamos e dormimos. Pela manhã, estou um trapo, mas contente. O dia traz a labuta e o cansaço, mas me consolo sabendo que à noite a estrela brilhará, enquanto houver o firmamento, e enquanto a minha alma existir.

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